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O renascimento do «eixo Paris - Berlim»?

Quinta-feira, 17.05.07

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket Photo Sharing and Video Hosting at PhotobucketA França e a Europa livraram-se, hoje, definitivamente, da figura sinistra de Jacques Chirac - o cinzento Presidente francês que durante doze longos anos ocupou o Palácio do Eliseu. Se existe a convicção de que a França não ficará pior ou em piores mãos, essa convicção é acompanhada da profunda esperança de que, por seu turno, a Europa e sobretudo a Europa da União - à qual o cessante Presidente nunca foi muito chegado, excepto quando tal se mostrava absolutamente insdispensável para a salvaguarda dos interesses franceses - fiquem em muito melhor situação sem Chirac e com Sarkozy. Essa esperança aparece reforçada com o primeiro gesto - simbólico, decerto - do novo Presidente em se deslocar a Berlim na própria tarde da sua tomada de posse, visitar não só a chefe do executivo alemão mas, também e principalmente, a Presidente em exercício do Conselho Europeu. Gesto simbólico esse que será acompanhado de outro não menos relevante - quando Sarkozy realizar a sua segunda visita presidencial a Bruxelas e se encontrar com o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. São gestos que indiciam o cumprimento da promessa de Sarkozy de pretender fazer regressar a França à Europa. E o modelo escolhido parece assentar no reatar do eixo «Paris-Berlim», fundado por De Gaulle e por Adenauer (e posteriormente desenvolvido e aprofundado pelas «duplas» Giscard d'Estaing - Helmut Schmidt e François Mitterrand - Helmut Kohl) quando, no longínquo ano de 1963, assinaram o célebre Tratado do Eliseu, intensificando o relacionamento bilateral e aproximando a França e a Alemanha, no quadro do processo europeu então em fase embrionária. Se assim for e forem genuínamente europeias as motivações do novo chefe de Estado francês e da Chanceler alemã, acreditamos poder estar ante um novo fôlego extensível e propagável a todo o projecto europeu - o qual, como desde o início ficou bem marcado nas próprias palavras de Robert Schuman, também foi feito para superar seculares divisões e antagonismos entre as duas potências europeias. Histórica e politicamente, para além de economicamente - embora aqui de forma menos relevante -, a França e a Alemanha são os dois motores fundamentais desta Europa da União que se encontra em fase de meditação e de reflexão. Ter ambos os motores a funcionar em articulação e sintonia é verdadeira conditio sine qua non para todo o projecto europeu (re)começar a carburar e retomar a sua velocidade de cruzeiro. A Europa aguarda, inquieta, por esse relançamento, sobretudo numa época em que o anunciado afastamento de Blair - cujo reconhecido atlantismo nunca o fez colocar em causa o empenhamento britânico no projecto europeu - da chefia do governo de Londres não pode deixar de colocar algumas interrogações sobre qual a futura postura britânica face à União Europeia.

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publicado por Joao Pedro Dias às 10:47


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