Casa Europa
Anotações (quase) diárias sobre os caminhos da Europa e da União Europeia
Nos 20 anos da queda do Muro de Berlim
Um fim de semana mais relaxado do que o habitual permitiu reler uma obra já antiga (1997) e ler de uma assentada uma obra nova (2009), sendo que ambas têm entre si um denominador comum: analisam, sob diferentes prismas - o prisma do actor participante nos acontecimentos e o prisma do historiador atento ao seu tempo - um dos factos maiores da nossa história contemporânea: a queda do Muro de Berlim, acontecida precisamente faz hoje 20 anos. «Yo quise la unidad de Alemania» (não existe tradução portuguesa, que conheça) de Helmut Kohl e «Revolução 1989. A queda do império soviético» de Victor Sebestyen reflectem e analisam aquele que muitos historiadores e politólogos consideram como sendo o momento que, do ponto de vista político, colocou um ponto final no século XX, dando por encerrada a ordem internacional que foi a do pós-segunda guerra mundial, contratualizada na Conferência de Ialta e que, basicamente, repartindo o continente europeu em duas grandes esferas de influência, que eram as das grandes potências emergentes do conflito mundial (EUA e URSS), se caracterizava basicamente por uma palavra - divisão: duas Europas, duas Alemanhas, duas cidades de Berlim, duas organizações militares (NATO e Pacto de Varsóvia), dois blocos económicos (CEE e COMECON). Foi este mundo e esta ordem internacional que começaram a ruír faz hoje precisamente 20 anos, no preciso dia em que a Nação (alemã) e os seus anseios de liberdade se sobrepuseram aos Estados (RFA e RDA), abrindo de par-em-par as portas para o reencontro da Europa consigo própria e com a sua história, encerrando esse período de divisão que só pode ficar registado na História europeia como um breve parêntesis ou nota de rodapé, pese embora os elevadíssimos custos humanos que teve, em incontáveis vidas que se perderam nas batalhas travadas pela chegada desse momento.