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Sarkozy e Merkel juntos contra a Europa sem fronteiras

Domingo, 10.05.09
A questão da eventual adesão da Turquia à União Europeia deveria ser, entre nós, tema incontornável de debate relativamente ao qual os diferentes candidatos ao Parlamento Europeu se pronunciassem de uma forma clara e inequívoca, sem ambiguidades ou meias-palavras. Fosse a questão europeia o núcleo central do debate pré-eleitoral que vai decorrendo e seria impossível os diferentes candidatos não serem interpelados sobre a matéria. Desde logo porque, subjacente à resposta que fosse dada, teria de estar uma determinada concepção e um determinado modelo de União Europeia preconizado. Decerto - seria pedir muito à esmagadora maioria dos candidatos nacionais ao Parlamento Europeu que tivessem essa posição clara inequívoca sobre o modelo de União Europeia que preconizam. Mas um esforçozinho no sentido de esclarecer o eleitorado não ficava mal...
É por isso que, neste clima de ambiguidade, devem ser saudadas as posturas claras e frontais, que não deixam margem para a dúvida nem lugar para a incerteza. Sarkozy e Merkel deram, hoje, um valioso contributo nesse sentido, reafirmando a respectiva oposição à entrada da Turquia na União Europeia. Saúda-se a frontalidade da opção por se acreditar ser a escolha correcta. Em nome, desde logo, dos interesses da própria União Europeia e do aprofundamento do próprio projeecto europeu. Parece fora de qualquer dúvida que quanto mais heterogéneo for o conjunto dos Estados-Membros da União - e, por diversos factores, a eventual adesão da Turquia à União reforçaria de sobremaneira a heterogeneidade desta - menos esta conseguirá aprofundar a sua intervenção e a sua actuação, mais se limitará a mínimos denominadores comuns na sua acção. Não é por acaso que as correntes menos favoráveis ao aprofundamento político do projecto comunitário e à restrição do mesmo a meros aspectos económicos, nomeadamente à simples criação de um grande mercado interno europeu, nos aparecem como dos mais fervorosos adeptos do alargamento da União a Ancara. Pudera!
Desta feita, Sarkozy e Merkel apontaram no caminho correcto. E a sintonia de ambos pode reacender e dar novo fôlego ao eixo Paris-Berlim em prol do projecto europeu. A Europa da União agradecerá.

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publicado por Joao Pedro Dias às 01:56