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Mitt Romney não quer dar mais dinheiro à Europa

Terça-feira, 03.01.12

"Em entrevista ao jornal italiano La Stampa, o favorito a candidato republicano para as presidenciais dos EUA lembrou que compete aos europeus sair de um problema onde caíram. Mitt Romney, ex-governador do Massachusetts, considerou que os europeus têm de resolver os seus problemas relacionados com a crise e, por isso, não contar com a ajuda dos EUA. Em entrevista ao jornal italiano La Stampa, o favorito a candidato republicano para as eleições presidenciais de Novembro nos EUA lembrou que compete à Europa sair de um problema onde caiu.O candidato republicano sublinhou ainda que a Alemanha,a Françae a Itália têm meios para pagar as dívidas, investir e voltar a crescer". [Fonte]

 

Esta notícia só espanta quem não conhecer a realidade da política americana. Historicamente o republicanismo norte-americano é, por definição, isolacionista e unilateralista. Curiosa e paradoxalmente, foi um Presidente republicano, eleito em nome desse isolacionismo, quem recentemente envolveu os EUA em mais conflitos, alguns legais, outros absolutamente ilegais: o Presidente George W.Bush, de má memória. Não espanta, pois, que Mitt Romney opte pelo isolacionismo económico, pelo menos no que à Europa diz respeito. Faz parte da agenda clássica republicana norte-americana. O problema é quando a realidade aparece e se sobrepõe aos princípios. Aí, por regra, os princípios são mandados às malvas e prevalecem os interesses. E se os interesses aconselharem a olhar para o mundo, a intervir onde for preciso, raramente olham para trás ou hesitam. Sejam republicanos, sejam democratas. E em alguns casos, ainda bem. Nunca será demais recordar que ao lado das asneiras republicanas de George W.Bush ou de Richard Nixon, por exemplo, há sucessos de monta de Eisenhower ou de Reagan, um dos estadistas a quem se ficou a dever a queda do Muro, a implosão da ex-URSS e todos os acontecimentos que vivemos no final da década de oitenta do século passado.

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publicado por Joao Pedro Dias às 23:36

Grécia avisa que pode sair do euro se não houver acordo com a troika

Terça-feira, 03.01.12

“Um porta-voz do governo de Atenas advertiu que se não houver acordo em relação ao segundo pacote de resgate da Grécia, no valor de 130 mil milhões de euros, o país terá de sair da Zona Euro. A Grécia terá de sair da união económica e monetária da Europa se a troika – composta pelo FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu – não concluir o acordo com vista à concessão de um segundo pacote de ajuda financeira externa a Atenas, disse hoje o porta-voz governamental Pantelis Kapsis, à emissora Skai TV, citado pela Reuters. "O acordo de resgate terá de ser assinado, caso contrário estaremos fora dos mercados, fora do euro", acrescentou Kapsis, sublinhando que "a situação será muito pior". Recorde-se que se espera uma equipa de inspectores da troika em meados deste mês em Atenas, que visa dar forma ao novo plano de resgate, no valor de 130 mil milhões de euros, acordado pelos líderes da União Europeia na cimeira de 26 e 27 de Outubro passado. A Grécia precisa de definir com a troika e com os privados titulares de dívida soberana grega os detalhes do plano de resgate antes de um importante vencimento de obrigações em Março, recorda a Reuters. Se Atenas não avançar com uma série de reformas impopulares, em matéria de pensões, privatizações e mercado laboral, as negociações com a troika poderão enfrentar problemas. Tanto Atenas como os seus parceiros da União Europeia têm descartado a possibilidade de saída do euro. Nos últimos dias, altos responsáveis gregos advertiram que um regresso ao dracma seria um “inferno”, refere a agência noticiosa. No seu discurso de Ano Novo, o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, disse que a Grécia terá de levar avante as devidas reformas para poder permanecer no euro. Papademos, que foi vice-presidente do BCE e governador do Banco da Grécia, tem de implementar medidas orçamentais para receber o dinheiro do resgate por parte da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. Isso implica também a entrada em vigor de um acordo de troca de dívida soberana grega destinada a perdoar 100 mil milhões de euros do encargo da dívida – que ascende a um total de 360 mil milhões de euros. Este perdão da dívida pública grega – o chamado “haircut” – foi definido em 50% para o sector privado na cimeira de finais de Outubro. Agora, segundo a Reuters, o novo Executivo grego pretende que o sector financeiro privado aumente esse "perdão" para 75%. No entanto, as conversações com os bancos relativamente a este acordo de troca de dívida estão a ser particularmente difíceis. De sublinhar ainda que, segundo informações da Reuters avançadas hoje, o novo Executivo grego pretende que o sector financeiro privado aumente esse "perdão" para 75%. Recorde-se que Lucas Papademos sucedeu a George Papandreou, que afundou politicamente – sendo alvo de críticas até por parte do seu próprio partido, o PASOK – depois de dizer que estava a pensar avançar com um referendo ao segundo pacote de resgate do país.  “Os próximos três a quatro meses são os mais cruciais e essa é a razão pela qual este governo existe”, declarou Pantelis Kapsis, citado pela Reuters.” [Fonte]

 

Com o devido respeito por quem a formulou, a questão de saber se a Grécia pode vir a deixar o euro se não se concretizar o segundo plano de resgate acordado na cimeira de 26 de Outubro, está mal colocada. Se. tecnicamente, o problema pode ser esse, do ponto de vista político a questão verdadeiramente relevante é outra; o verdadeiro problema que deve ser equacionado, politicamente, é o de saber se, apesar de resgatada pela segunda vez, a Grécia (pelo menos a Grécia....) não será forçada a deixar a moeda única. Ou seja, em termos práticos e pragmáticos, se mesmo um segundo resgate será suficiente para financiar as incomensuráveis necessidades financeiras (entre juros, serviço de dívida e amortização do capital) da dívida grega. E para essa questão ninguém parece ter a resposta ou, pelo menos, ninguém parece interessado em responder. Mas essa é que é a questão política essencial em todo este debate. Pois pode dar-se o caso de, nem com um segundo resgate, a Grécia se tornar num Estado solvente....

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publicado por Joao Pedro Dias às 19:04