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Futuro presidente do Parlamento Europeu critica prepotência de Merkel

Segunda-feira, 16.01.12
"O novo presidente do Parlamento Europeu, o socialista alemão Martin Schulz, que assume funções na quarta-feira, afirma que Angela Merkel «faria bem em não dar a impressão que dá ordens na União Europeia». Numa entrevista à agência Efe, Martin Schulz, eleito por acordo entre o Partido Popular e os Social-democratas europeus, diz «lamentar» que a chanceler alemã «dê a impressão de que ordena e manda». Schulz, que irá substituir como presidente do Parlamento Europeu o conservador polaco Jerzy Buzek, adianta que «o Governo alemão não dá explicações nem ao seu país nem a Bruxelas quando deveria dar a cara porque foi o país que mais beneficiou por estar na União Europeia». O socialista alemão culpabiliza a «cacofonia comunitária» para fazer frente à crise e «a impossibilidade dos Governos em colocarem-se de acordo apesar de cimeiras infinitas sem resultados».  Para o novo presidente do Parlamento Europeu, «se há divisão dentro da União Europeia é por culpa dos chefes de Estado e de Governo». Martin Schulz diz que um dos seus principais objetivos da sua nova função será «travar a renacionalização da política comunitária» enfatizada devido à crise e «reconquistar a confiança dos cidadãos europeus na Europa»." [Fonte]

 

O senhor Martin Schulz não é, propriamente, o modelo de eurodeputado que se possa erigir em paradigma de virtude e urbanidade. Durão Barroso, de resto, bem o pode atestar, quer por referência ao momento da sua eleição e da sua reeleição para liderar a Comissão Europeia, quer noutros momentos do debate político travado em Bruxelas ou Estrasburgo. As instituições da Europa da União, parece também não quererem fugir ou distinguir-se da mediania (quando não da mediocridade) daqueles que escolhem e elegem para as representarem. Deve ser para não se distinguirem da qualidade dos representantes nacionais com quem têm de lidar e dialogar. Nada melhor, em certas alturas, do que conversas niveladas, entre iguais - e, portanto, há que nivelaar (por baixo) a qualidade dos escolhidos. Adiante - não é esse o tema deste comentário. O tema desta nota é outro: é que apesar da sua falta de qualidade, desta vez, Schulz tem razão. A prepotência de Merkel é censurável e condenável. Ser Schulz a censurar e condenar essa prepotência é que raia um pouco o irónico e o absurdo. Sobretudo se nos lembrarmos de algumas das suas intervenções parlamentares. E nem será preciso ter memória muito desenvolvida.

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publicado por Joao Pedro Dias às 14:55