Casa Europa
Anotações (quase) diárias sobre os caminhos da Europa e da União Europeia
Como? Importa-se de repetir? - «Merkel quer mais Europa no futuro»
Estas declarações feitas no Fórum de Davos soam bem, ficam bem e enquandram-se com o ambiente geral. É pena, porém, que nas cimeiras bilaterais com Sarkozy ou nas cimeiras do Conselho Europeu, Merkel não pratique tanto os princípios que enunciou em Davos. Não lhe têm faltado oportunidades para contribuir para uma verdadeira política externa alemã de feição europeia; tem optado, por regra, quase sempre, por uma política europeia germanizada. Parece a mesma coisa, mas não é. E faz toda a diferença.
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Fórum Económico Mundial de Davos
Começou hoje em Davos, na Suíça, mais uma edição do Fórum Económico Mundial, o encontro anual da elite política e económica global. "A Europa vai estar no centro do palco", anota o The Times. que considera que "em economia, não há questão mais premente e importante do que encontrar uma solução duradoura para a crise do euro". Esta é uma das novas sedes do poder político-económico de facto que gere e disciplina a sociedade internacional dos nossos dias. É da praxe e da ordem que cada época histórica concreta tenha a sua instituição ou entidade de referência, onde verdadeiramente se situa a sede do poder mundial. Entre as duas guerras foi a Sociedade das Nações que pretendeu desempenhar a função, só fracassando, entre outrasa razões, por os EUA a ela nunca terem aderido; após a segunda guerra mundial foi a Organização das Nações Unidas - o lugar, como repete Adriano Moreira, onde todos se encontram com todos - que desempenhou essa tarefa; após a queda do mudo de Berlim e o fim da guerra-fria e na sociedade internacional caracterizada pela desordem madura que nos é dado conhecer, com a crise do Estado soberano que também já é a crise do Estado nacional, a emergência dos novos poderes que ninguém elegeu, sufragou ou controla, e onde a democracia é conceito em vias de extinção, é em instituições como o G-20 ou este Fórum Económico Mundial que reúne anualmente em Davos, que está sedeado o verdadeiro poder económico e político do mundo. É lá que os líderes europeus que contam se encontram, que prestam contas do que fazem e do que não fazem, consertam e acertam estratégias, firmam dependências e assinam lealdades e ouvem os conselhos dos peritos em voga. Mas não é por isso que a sua legitimação se consuma ou a democraticidade se impõe.