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Como? Importa-se de repetir? - «Merkel quer mais Europa no futuro»

Quarta-feira, 25.01.12
"A chanceler alemã apelou a que os Estados-membros da União Europeia (UE) cedam mais competências a Bruxelas para que se criem os mecanismos políticos adequados para a organização gerir a moeda única. «A questão precisa de ser: atrevemo-nos a mais Europa?», questionou Merkel no discurso de abertura do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, que vai reunir centenas de grandes nomes mundiais para cinco dias de debates. A chanceler alemã afirmou que faltam à União Europeia «estruturas políticas» para fazer com que a moeda única avance de forma positiva, sem concretizar o que queria dizer, segundo citação da Associated Press. Merkel acrescentou, ainda, que a Alemanha não vai prometer aquilo que não pode cumprir: «Dissemos desde o começo que queremos lutar pelo euro, mas o que não queremos é uma situação em que sejamos forçados a prometer algo que não seremos capazes de cumprir». A chanceler alemã, Angela Merkel, disse em entrevista publicada hoje por seis jornais europeus que a sua visão para o futuro da União Europeia passa por uma união política. «A minha visão é a União Política, porque a Europa tem de seguir o seu caminho próprio e exclusivo. Temos de nos aproximar passo a passo, em todos os âmbitos políticos. Porque o certo é que cada vez percebemos com maior nitidez que cada tema do vizinho nos diz respeito. A Europa é política interna», afirmou a dirigente alemã em resposta a uma questão sobre os Estados Unidos da Europa." [Fonte]

Estas declarações feitas no Fórum de Davos soam bem, ficam bem e enquandram-se com o ambiente geral. É pena, porém, que nas cimeiras bilaterais com Sarkozy ou nas cimeiras do Conselho Europeu, Merkel não pratique tanto os princípios que enunciou em Davos. Não lhe têm faltado oportunidades para contribuir para uma verdadeira política externa alemã de feição europeia; tem optado, por regra, quase sempre, por uma política europeia germanizada. Parece a mesma coisa, mas não é. E faz toda a diferença.

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publicado por Joao Pedro Dias às 20:49

Fórum Económico Mundial de Davos

Quarta-feira, 25.01.12

 

Começou hoje em Davos, na Suíça, mais uma edição do Fórum Económico Mundial, o encontro anual da elite política e económica global. "A Europa vai estar no centro do palco", anota o The Times. que considera que "em economia, não há questão mais premente e importante do que encontrar uma solução duradoura para a crise do euro". Esta é uma das novas sedes do poder político-económico de facto que gere e disciplina a sociedade internacional dos nossos dias. É da praxe e da ordem que cada época histórica concreta tenha a sua instituição ou entidade de referência, onde verdadeiramente se situa a sede do poder mundial. Entre as duas guerras foi a Sociedade das Nações que pretendeu desempenhar a função, só fracassando, entre outrasa razões, por os EUA a ela nunca terem aderido; após a segunda guerra mundial foi a Organização das Nações Unidas - o lugar, como repete Adriano Moreira, onde todos se encontram com todos - que desempenhou essa tarefa; após a queda do mudo de Berlim e o fim da guerra-fria e na sociedade internacional caracterizada pela desordem madura que nos é dado conhecer, com a crise do Estado soberano que também já é a crise do Estado nacional, a emergência dos novos poderes que ninguém elegeu, sufragou ou controla, e onde a democracia é conceito em vias de extinção, é em instituições como o G-20 ou este Fórum Económico Mundial que reúne anualmente em Davos, que está sedeado o verdadeiro poder económico e político do mundo. É lá que os líderes europeus que contam se encontram, que prestam contas do que fazem e do que não fazem, consertam e acertam estratégias, firmam dependências e assinam lealdades e ouvem os conselhos dos peritos em voga. Mas não é por isso que a sua legitimação se consuma ou a democraticidade se impõe.

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publicado por Joao Pedro Dias às 10:11