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Tarde, muito tarde.....

Quarta-feira, 06.07.11

A Moody's cortou o ranking de Portugal em quatro níveis e atirou a notação da dívida portuguesa para lixo. Foi o suficiente para a Europa política entrar em convulsão opinativa e mediática - de Barroso a Merkel, de Sarkozy a Passos Coelho, todos e mais uns quantos aproveitaram para zurzir na Agência em causa, antecipando não só idêncticos cortes semelhantes promovidos pelas restantes agências da praça como, também, estendendo as consequências dos mesmos às principais empresas nacionais, com especial ênfase para as financeiras - que, vendo os seus ratings serem diminuídos, com mais dificuldade financiarão a economia nacional. Foi eloquente o coro dos protestos que escutámos - mas teria sido mais útil e mais proveitoso que se tivessem feito ouvir há cerca de ano e meio, quando se iniciaram os ataques às dívidas soberanas periférificas, com a Grécia à cabeça. E mais útil, ainda, teria sido se efectivamente os protestantes de agora tivessem sido os decisores ágeis de então, fazendo uma correcta leitura da realidade, agindo com a celeridade e prontidão que se exigia e, sobretudo, com a solidariedade que se impunha. Talvez o rumo da história tivesse sido outro; talvez metade dos problemas com que nos defrontamos não tivessem surgido; talvez os invisíveis mercados financeiros tivessem sido colocados no seu lugar em tempo oportuno; talvez hoje não estivessemos tão dependentes das agências de notação financeira. Hoje, provavevlmente, é tarde demais.

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publicado por Joao Pedro Dias às 01:30


1 comentário

De Henrique Salles da Fonseca a 07.07.2011 às 19:44

BRAVO!!!
Todos os políticos no activo praticaram o ultra-liberalismo e empenharam-se a fundo na desregulamentação dos mercados. O resultado está à vista.
Se a isto juntarmos as políticas que sucessivamente conduziram Portugal no sentido do desmantelamento da capacidade produtiva que chegou a ter de bens transaccionáveis ao mesmo tempo que incentivavam o consumo, então o ramalhete da desgraça fica completo.
O problema está, portanto, no modelo de desenvolvimento que está profundamente desadaptado às necessidades portuguesas. Há que retomar a produção de bens transaccionáveis, a começar pela Agricultura e pelas Pescas cujos problemas são apenas de índole comercial. Urge promover a transparência dos mercados e introduzir lógica no método de formação dos preços. É fundamental distribuir o risco por todos os intervenientes nos mercados em vez de o deixar concentrado na oferta.
É tudo tão fácil que faz raiva os políticos não verem as soluções. Ou será que as querem ver?
Henrique Salles da Fonseca
http://abemdanacao.blogs.sapo.pt/

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