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Líderes europeus preparam reestruturação "de fundo"

Domingo, 03.06.12

A Comissão Europeia, o Conselho da União Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Eurogrupo estarão a preparar um plano global, encomendado pelos líderes da UE, para uma reestruturação "de fundo" da zona euro. De acordo com o jornal alemão Welt am Sonntag, citado pela agência EFE, o plano abrangente deverá ser apresentado na próxima cimeira no final de junho. Os presidentes do Conselho da UE, Herman van Rompuy, da Comissão Europeia, Durão Barroso, do BCE, Mario Draghi e o presidente do Eurogrupo, Jean Claude Juncker terão ficado com esta responsabilidade na última cimeira informal realizada a 23 de maio. Os líderes das instituições europeias deverão elaborar, segundo o jornal, uma espécie de "roteiro" que afetará a "todos os níveis" a UE. O objetivo é que o "projeto revolucionário" seja discutido, aprovado e adotado o mais tardar até final do ano. Van Rompuy, Barroso, Junker e Draghi trabalharão quatro áreas: reformas estruturais, união financeira, união orçamental e união política. O resultado será uma nova UE, refere o Welt am Sonntag. De acordo com o jornal, o plano incluirá medidas concretas para impulsionar o crescimento e não se concentrará unicamente na austeridade, a via preconizada até agora pelo governo de Angela Merkel. O BCE estará a preparar-se para agir mais eficazmente e dotar-se de mecanismos centralizados de supervisão na banca. O objetivo do "roteiro", cujo ponto alto será a união orçamental, é estar mais bem preparado para situações como a atual e responder à pressão internacional para superar a crise na zona euro, após dois anos de emergência permanente. O jornal alemão lembra que a própria chanceler alemã apontou a necessidade de ser desenhado um programa abrangente para a zona euro esta semana ao referir que se deveria refletir sobre como deve evoluir a Europa "nos próximos cinco a 10 anos". Merkel manifestou disponibilidade para alterar certas posições até agora consideradas "inamovíveis", resultado quer das pressões dos parceiros europeus, quer dos opositores políticos.

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publicado por Joao Pedro Dias às 17:45

Draghi apela aos líderes da Zona Euro que clarifiquem a visão do euro

Quinta-feira, 31.05.12

«O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, apelou hoje aos líderes da Zona Euro para "clarificarem a visão" que têm do futuro da moeda única, defendendo que o atual sistema é "insustentável". "O próximo passo é, basicamente, os nossos líderes clarificarem a visão que têm para determinado número de anos a partir de agora. Como vai o euro parecer daqui a uns anos", afirmou Draghi, que falava na comissão dos assuntos económicos e monetários do Parlamento Europeu em Bruxelas. "Penso que quanto mais depressa for especificado, melhor", referiu Draghi, que falava na qualidade de líder do gabinete de Risco Sistémico Europeu. O BCE não pode "preencher o vácuo" deixado pelos governos da União Europeia (UE) nas áreas das reformas estruturais ou de governação, insistiu Draghi. E comparou a Zona Euro com um nadador que tenta atravessar um rio com nevoeiro. "Ele ou ela continua a lutar contra a corrente, mas não vê o outro lado do rio porque está nevoeiro, precisamos de tirar este nevoeiro". Esta será a melhor contribuição que os países podem dar para baixar os custos dos financiamentos e promover o crescimento da Zona Euro, afirmou. Draghi disse que "já foi demonstrado que (a actual configuração da Zona Euro) é insustentável se não forem tomadas mais medidas". "A crise financeira que começou há quatro anos e meio, mudou a nossa percepção do risco de forma substancial e aumentou a nossa aversão ao risco de uma forma dramática", afirmou. Apesar de terem sido registados "renovados picos de volatilidade e incerteza" nos mercados recentemente, a turbulência "não está nos mesmos níveis atingidos em novembro de 2011", considerou.» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 12:02

Eurolândia prepara novo salto na integração

Quinta-feira, 24.05.12

«Os países da zona euro estão a ponderar aprofundar de forma significativa a sua união económica e monetária ao assumir um plano que poderá incluir um sistema europeu de garantias bancárias, um regime europeu de supervisão do sistema bancário e a emissão comum, a prazo, de dívida pública através de eurobonds (obrigações europeias). O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, foi mandatado pelos líderes para desenvolver estas e outras pistas e apresentar dentro de pouco mais de um mês um relatório com as opções possíveis e um método de trabalho para as desenvolver. Este temas foram acertados pelos líderes da União Europeia (UE) durante o jantar informal que os reuniu na quarta-feira à noite para debater "sem tabus" pistas de estímulo à economia e novas possibilidades de aprofundamento da integração europeia para responder à crise da dívida. Van Rompuy trabalhará com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, o presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. O tema voltará a ser abordado pelos líderes na próxima cimeira europeia de 28 e 29 de Junho. O presidente do Conselho Europeu confirmou que a questão dos eurobonds – um dos temas potencialmente mais controversos devido às divergências entre os governos, a começar pela França e Alemanha –, foi "abordada rapidamente por vários líderes durante o encontro que terminou depois da uma hora da manhã. Mas, frisou, a questão foi invocada "no quadro do aprofundamento a longo prazo da união económica e monetária". "Ninguém pediu a sua introdução imediata", frisou, lembrando que é uma questão que "levará tempo". O Presidente francês, François Hollande, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, e Jean-Claude Juncker foram os principais defensores de um mecanismo destinado a permitir aos 17 membros do euro a partilha, de forma solidária, dos riscos da dívida emitida em comum de modo a baixar as taxas de juro dos países com maiores dificuldades de financiamento no mercado. A chanceler alemã, Angela Merkel, assumiu uma posição bem mais prudente, ao afirmar que os títulos de dívida em comum "não contribuem para relançar o crescimento na zona euro". "Respeito a opinião" da chanceler, afirmou Hollande, lembrando que, segundo a posição alemã, os eurobonds são um ponto de chegada de um processo de integração política, económica e financeira.  O presidente do BCE assumiu uma posição semelhante ao afirmar que "os eurobonds só fazem sentido se houver uma união orçamental".Pedro Passos Coelho, primeiro ministro português, considerou igualmente que os eurobonds "não são uma resposta para a situação actual" e "correspondem a um estado de evolução da integração política e económica que deve ser acelerado" mas "não corresponde nesta altura a um salto qualitativo que objectivamente esteja ao nosso alcance". Passos frisou ainda que "não há uma oposição do governo português de princípio à ideia" e que esse avanço poderá ser concretizado no quadro de uma maior integração financeira, económica e política".A Françaconsidera, ao invés que os eurobonds constituem "um ponto de partida", afirmou Hollande explicando que "por isso, os debates vão continuar".  O Presidente francês deixou no entanto claro que "não houve um conflito ou um confronto" entre os líderes e que houve mesmo outros países "muito mais firmemente contra" os eurobonds do que a chanceler. Merkel também disse que o debate sobre este tema foi "muito equilibrado". [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 10:36

Europa estuda o cenário de fracasso da Grécia

Sexta-feira, 18.05.12

«As instituições europeias estão a estudar cenários para uma bancarrota na Grécia, segundo o comissário europeu do Comércio, Karel de Gutch, numa entrevista ao diário De Standaard, onde não especifica se está a falar de uma saída da zona euro. “Há um ano e meio, talvez houvesse o perigo de um efeito dominó, mas hoje em dia há, quer no Banco Central Europeu quer na Comissão Europeia, serviços que estudam os cenários de emergência ou para o caso de a Grécia não se aguentar”, afirmou De Gutch àquele jornal belga de língua alemã, segundo a AFP.O Governo alemão também já veio dizer estar preparado para todas as eventualidades. “O Governo alemão é, naturalmente, responsável perante os seus cidadãos por estar preparado para qualquer eventualidade”, disse uma porta-voz do Ministério das Finanças, citada pela Reuters. O comissário europeu do Comércio considera no entanto que a Grécia ficará na zona euro, mas não exclui uma terceira volta após as eleições de 17 de Junho ou mesmo um referendo no país sobre a permanência no euro. Por outro lado, considera que a Grécia “deve pôr em prática os acordos estabelecidos”, que diz serem “a única opção racional para o país”. Um porta-voz da Comissão Europeia disse no entanto que não há qualquer planeamento. “A Comissão Europeia nega firmemente [que] esteja a trabalhar num cenário de saída da Grécia”, disse Olivier Bailly. “A Comissão quer que a Grécia permaneça na zona euro.”» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 17:28

Hollande vai propor mudanças ao pacto orçamental

Quarta-feira, 25.04.12
«François Hollande anunciou hoje que, se for eleito Presidente da França nas eleições de 6 de maio, irá propor quatro alterações ao pacto orçamental da União Europeia, incluindo a criação de obrigações europeias comuns (eurobonds). «No dia seguinte ao do escrutínio, se tiver sido eleito, vou endereçar um memorando aos chefes de Estado [da União] sobre a renegociação do tratado» de estabilidade orçamental, afirmou Hollande numa conferência de imprensa em Paris. Hollande detalhou então quatro propostas específicas que irão constar desse memorando. O candidato socialista quer criar eurobonds, «não para mutualizar as dívidas mas para o financiamento de grandes projetos industriais de infraestrutura»; instituir uma taxa sobre as transações financeiras; «libertar fundos» do Banco Europeu de Investimento; e mobilizar «fundos estruturais europeus que atualmente estão por utilizar». O pacto de disciplina orçamental, ou tratado de estabilidade orçamental, impõe novas regras de disciplina financeira, e foi subscrito em março por 25 dos 27 membros da União, entre os quais Portugal (Reino Unido e República Checa ficaram de fora). Hollande aproveitou a conferência de imprensa para louvar as palavras do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, «que disse que o pacto orçamental deve ser complementado por um pacto para o crescimento». François Hollande fez da renegociação do pacto orçamental e de uma política económica menos alinhada com a Alemanha prioridades da sua campanha às presidenciais francesas.» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 17:48

Grécia poderá precisar de terceiro resgate

Domingo, 04.03.12

"A Grécia poderá vir a recorrer a um terceiro pacote de ajuda externa, de 50 mil milhões de euros, em 2015, escreve o Der Spiegel. A 'troika', composta pela União Europeia (UE), Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI), terá escrito numa versão preliminar do seu último relatório de que não é certo que a Grécia regresse aos mercados em 2015. A necessidade de financiamento externo da Grécia para o período 2015-2020 poderá atingir os 50 mil milhões de euros dentro de três anos, refere o Der Spiegel, que adianta que aquela passagem foi retirada do relatório final a pedido do governo alemão. De acordo com a revista alemã, o BCE deverá accionar a cláusula de acção colectiva (CAC), o que permitirá a Atenas pressionar os credores privados relutantes em participar no "alívio da dívida grega". Esta cláusula, segundo a lei, pode ser accionada se pelo menos 66 por cento dos bancos participarem na operação, o que levará os credores relutantes a aderir ao programa de troca de dívida, que terá lugar a 12 de Março. Esta operação vai permitir à Grécia excluir 107 dos 200 mil milhões de euros da sua dívida pública e é uma condição para a transferência dos 130 mil milhões de euros do segundo plano de emergência, aprovado na quinta-feira em Bruxelas." [Fonte]

 

Quando um Estado entra na espiral da loucura, do endividamento e dos resgates financeiros externos, dificilmente conseguirá inverter a tendência regressiva e recessiva, tarde ou nunca se conseguirá libertar dessa tirania e dessa tutela externa. O caso da Grécia afigura-se como paradigmático: ainda não estão completamente definidos e acertados todos os detalhes do segundo resgate e já se perspectiva a necessidade de um terceiro plano de auxílio financeiro. Para que conste e para memória futura, convém que o exemplo grego não seja perdido de vista nem esquecido.

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publicado por Joao Pedro Dias às 23:11

Existem alternativas ao pacto orçamental - by Adrian Hamilton

Sexta-feira, 02.03.12


"O mais triste comentário proveniente esta semana da Europa foi feito por um alto funcionário de Bruxelas, que declarou que a crise da zona euro está agora em vias de encontrar uma solução, graças à intervenção do Banco Central Europeu, que vai injetar mais meio bilião de euros no sistema, através de empréstimos aos bancos.

 

Ah, sim? Com os irlandeses agora a realizar um referendo sobre o novo pacto orçamental acordado pelos membros da zona euro, com o Bundesbank a criticar abertamente o BCE pelas suas intervenções e com os mercados impassivelmente a recusar-se a acreditar na recuperação da Grécia ou nas garantias da dívida soberana, alguém realmente acredita que tudo ficou resolvido? Nas capitais da Europa, nomeadamente em Berlim e Paris, seguramente que não.

 

O problema da UE, neste momento, é ter-se tornado uma espécie de cão que não ladra: o único interesse das suas cimeiras não é o que decidem, mas que nunca decidem nada. Veja-se a mais recente, que começou ontem e deve terminar hoje. Devia servir para selar o novo pacto fiscal, que abriria uma nova era de responsabilidade fiscal e de união económica. Também se destinava a aumentar o limite máximo dos fundos de emergência para um nível capaz de convencer os mercados de que a zona euro veio para ficar, sólida, completa e eficaz.

 

É uma questão de "sobrevivência"

Em vez disso, a decisão sobre a dimensão do fundo de apoio foi adiada para mais tarde – este mês ou no próximo ou no outro a seguir, conforme calhar. Também estava previsto haver uma cimeira separada de dirigentes da zona euro, hoje, para pôr todo o sistema em marcha. Mas já não vai acontecer. "Não foi cancelada porque nunca foi oficialmente agendada", declarou um porta-voz, naquela forma esquiva típica de Bruxelas.


A decisão do tribunal irlandês de que o país teria de realizar um referendo certamente não veio ajudar. No mínimo, vai atrasar vários meses o processo, pelo menos em termos de conclusão definitiva (o pacto pode avançar sem a Irlanda). E levanta a possibilidade de despertar todas as dúvidas na opinião pública e o antagonismo em relação à forma como os dirigentes europeus têm conduzido a austeridade, como o único fim em si da política económica.

 

Mas a democracia é assim mesmo. O referendo na Irlanda vai correr bem, defendeu Dick Roche, ex-ministro irlandês para os Assuntos Europeus, na BBC, esta semana, porque é diferente do problemático Tratado de Lisboa. Nesse caso, tentava-se vender algo complexo e abstrato. Desta vez, o público entendeu que é uma questão de "sobrevivência".

 

BCE tem estado a conceder tempo à Europa

É precisamente esse o problema. As soluções, como o novo pacto, estão a ser impingidas aos cidadãos pelos dirigentes numa base de "não há alternativa". No entanto, existem alternativas. Podem passar por deixar a Grécia ir à bancarrota, mudar as regras do BCE para permitir que seja uma última instância de crédito, emitir obrigações europeias, permitir que o novo Mecanismo de Estabilidade Europeu atue em conjunto com o atual Fundo Europeu de Estabilidade Financeira em vez de o substituir, ou produzir um programa coordenado de relançamento económico à escala europeia.

 

Os problemas são evidentes. Os alemães não querem nada disso. Os franceses querem que os alemães assumam todo o odioso das decisões. Os britânicos querem ficar de lado a assistir. Portanto, ficamos com estas propostas atuais de um pacto mal cozinhado, sem dentes para convencer os mercados de que é muito eficaz, e que corre ainda o risco de tornar um sistema antidemocrático ainda menos democrático, retirando direitos às nações para controlar os seus próprios orçamentos. É uma curiosa ironia que o País de Gales e a Escócia vejam uma maior independência no controlo dos seus próprios impostos, enquanto a Europa caminha na direção oposta e tenta acabar com ele.

 

O BCE tem estado a conceder tempo à Europa, que devia ser usado para pensar nas questões fundamentais e não para fazer cimeiras só por fazer, que é o que se vê nos atos dos dirigentes europeus." [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 22:06

A razão para os adiamentos no 2º auxílio à Grécia: vários países rejeitam Grécia no euro e preferem bancarrota

Quarta-feira, 15.02.12

"A crise grega parece estar à beira de um novo capítulo, com a vinda a público de divergências entre os parceiros europeus sobre a opção por um segundo resgate, com alguns a preferirem que o país entre em bancarrota. A notícia merece a manchete desta quarta-feira do Financial Times, e entretanto foi confirmada pelo ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos. “É preciso dizer a verdade ao povo grego: há vários países [da zona euro] que já não nos querem. É preciso convencê-los” de que a Grécia pode vencer e permanecer no grupo “pelas próximas gerações”, afirmou, citado pela agência francesa AFP, à chegada para uma audiência com o Presidente da República, Carolos Papoulias. “O desafio da nossa geração são quer os sacrifícios e os cortes, quer a catástrofe nacional que pode arrastar a nossa sociedade, as nossas instituições e a democracia”, acrescentou. O Eurogrupo anulou na terça uma reunião dos Ministros das Finanças da zona euro, prevista para esta quarta-feira, que deveria aprovar um novo pacote de ajuda para lhe permitir evitar a bancarrota dentro de um mês, o que lançou mais incerteza sobre o futuro do país. Jean-Claude Juncker, o Presidente do Eurogrupo, disse que tomou a decisão de anular a reunião, substituindo-a por uma "teleconferência" para permitir uma discussão de alguns aspectos que estão por resolver, mas o Financial Times adianta (citando “altos funcionários europeus”) que há uma divisão crescente sobre se Atenas merece a confiança de um segundo resgate a as consequências de um desfecho que resulte numa pura bancarrota do país.O Ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, já tinha dito que a zona euro estava “agora melhor preparada do que há dois anos” para lidar com um incumprimento. Há alguns dias, a comissária europeia holandesa, Neelie Kroes (que é vice-presidente da Comissão) afirmou, por seu lado, que “ninguém morre” se a Grécia sair do euro, o que contraria a posição oficial do executivo liderado por Durão Barroso. Porém, o comissário europeu da Economia e Finanças, Olli Rehn, advertiu para “consequências devastadores” de um cenário desse tipo, e segundo as fontes do Financial Times esta posição tem o apoio da França e do BCE." [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 18:12

Os gregos riem-se de nós

Terça-feira, 07.02.12

 

"É cada vez mais difícil a Grécia adotar reformas credíveis. Ontem [6 de fevereiro] repetiu-se o mesmo padrão que se tem vindo a registar desde há quase dois anos, sempre que se aproxima o momento em que Atenas fica sem dinheiro (o que acontecerá muito provavelmente no próximo mês de março) e a União Europeia tem de voltar a injetar-lhe recursos na veia. Toda a gente sabe que os gregos estão a brincar com o fogo. Mas isso parece não interessar a ninguém, a começar pelos gregos. O Governo de Lucas Papademos, um tecnocrata que se supunha que teria o apoio de todos os partidos para adotar as decisões difíceis que George Papandreu não se atreveu a tomar, tem-se revelado tão imobilista como o do seu antecessor. Ontem (6 de fevereiro), a troika constituída pelo FMI, pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia teve que ameaçar o Governo grego para o obrigar a despedir 15 mil funcionários públicos ao longo de 2012, com o objetivo de reduzir o défice. A Grécia tem mais de 700 mil funcionários públicos entre os seus onze milhões de habitantes e tinha prometido reduzir esse número em 150 mil até 2015. De facto, já se tinha comprometido a reduzir 32 mil no ano passado que, afinal, se ficaram por uns meros dois mil. Assim são as coisas na Grécia.

Os gregos aproveitam-se do erro da Europa

A troika pede-lhes que reduzam o salário mínimo (mais alto que em Espanha), que baixe os salários, que elimine pagamentos extraordinários, reduza pensões e baixe a despesa pública, e os políticos gregos fazem ouvidos moucos. Estão conscientes de que a Europa se enganou no caminho com eles e aproveitam-se disso. Havia três princípios que a Alemanha defendia como sacrossantos: no bail out (não ao resgate), no default (não ao incumprimento) e no exit (não à saída do euro). O primeiro já foi esmagado em 2010, quando se aceitou resgatar a Grécia, a Irlanda e Portugal. Agora, os gregos andam às voltas com o segundo (ontem foi pedido um relatório ao ministro das Finanças com todos os pormenores de um eventual incumprimento grego). E a sua saída do euro foi mencionada várias vezes nas negociações dos últimos dias. O Governo espanhol não é alheio a tudo isto. No executivo não gostam da perspetiva de se abrir a porta de saída do clube do euro, porque atrás iria Portugal e ninguém sabe onde poderia acabar a lista. Mas também gostavam que os políticos gregos levassem mais a sério o que está a acontecer. “Já sabíamos que os gregos são como são. O problema não é só económico, mas também político”, afirma um alto funcionário. E a saída não parece estar nas ameaças, como a que foi feita pelos alemães, de nomear um comissário, ou como a avançada pelos franceses, de criar uma conta separada para depositar o dinheiro destinado ao pagamento da dívida. Os gregos nunca se sentiram inferiores aos outros europeus. Apesar da sua economia estar destruída, a sua autoestima e o seu orgulho são enormes. De facto, sempre desconfiaram da ideia de Europa a menos que isso signifique que Bruxelas financiará o seu nível de vida. Mas isto já se sabia desde o primeiro dia em que entraram na UE." [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 18:43

Saudades de Kohl - by José Cutileiro

Terça-feira, 31.01.12
"Tip O’Neill presidiu à Câmara dos Representantes em Washington de 1977 a 1987 e dizia: All politics is local politics – toda a política é política local. Como bom americano estava a pensar em política interna: tudo o que se resolvesse em Washington, os compromissos precisos para chegar às grandes decisões nacionais exigiam satisfação de pequenos caprichos das parvónias de uns ou doutros. De resto, quem entrar no Congresso dos Estados Unidos poderá ver carradas de visitantes – homens, mulheres, crianças – vestidos com à-vontade transatlântico, procurando encontrar o seu Senador ou o seu Representante, olhando para a História nos retratos das paredes, bebendo coca- -cola, falando e rindo alto e bom som. O Congresso é deles.

O aforismo aplica-se a política internacional mas de maneira diferente. A política interna determina a política externa. Quando um país for forte, a sua própria política interna; quando não o for – e é essa a diferença – a política interna de países que o sejam. 

Nos dias inglórios da chamada aventura europeia que vivemos de há dois anos para cá, as medidas de rigor tomadas por Conselhos Europeus, isto é, por acordos internacionais a 27 que nos estão a afundar na recessão económica em vez de nos ajudarem a sair do buraco, têm sido ditadas por razões de política interna. Não das políticas internas dos 27 membros da União, mas de política interna alemã. Nas frequentes eleições estaduais da República Federal, os partidos que apoiam Angela Merkel têm perdido sempre, desde a eleição nacional que a levou ao poder. A Senhora faz o que pode para tentar recuperar votos – até passou, de um dia para o outro, a condenar centrais nucleares na produção de electricidade que sempre defendera –, afirma seguir a vontade do povo quando faz impor austeridade punitiva às gentes do Sul e diz que não a medidas que aliviariam esta (intervenção do Banco Central Europeu; obrigações europeias; maior fundo de emergência europeu). A oposição social-democrata que espera voltar ao poder em 2013 é contra essa austeridade e preferiria medidas que fomentassem crescimento. 

Assim, uma razão de política interna alemã – a convicção da Chanceler de que a maioria dos alemães não quer gastar mais um euro a ajudar outros europeus e a vontade dela de lhes agradar – foi ditando decisões da União cada vez mais custosas e funestas. 

Depois de 2 anos de crise, outros dirigentes europeus estão menos mesmerizados pela Berlim de Angela Merkel e acordam de uma espécie de sonambulismo; ameaças de Pax Germanica alarmam toda a gente (até os finlandeses); políticas internas de cada um reclamam direito de cidade – o afundamento económico da Europa que a curteza de vistas da Senhora ajudou a cavar talvez seja evitável.

A crise desencadeada quando Papandreu veio dizer que a Grécia tinha viciado as contas poderia ter sido a oportunidade da Alemanha se redimir de vez. Faltou a grandeza de um Kohl e vai levar muito tempo tornar a pôr a Europa no são." [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 23:45