Casa Europa
Anotações (quase) diárias sobre os caminhos da Europa e da União Europeia
L'Allemagne, une seconde France
«En 2000, dans son discours à l'université Humboldt de Berlin, Joshka Fisher, alors ministre des Affaires étrangères du gouvernement de Gerhard Schröder, donnait de l'Allemagne l'image positive, presque visionnaire, d'un pays qui voulait tirer l'Europe vers le haut. L'Allemagne, réunifiée depuis moins de dix ans, répondait ainsi à tous ceux qui craignaient le retour de sa puissance en faisant preuve d'un mélange harmonieux de modestie et d'ambition portés par un idéalisme européen empreint de réalisme.
Aujourd'hui, douze ans plus tard, à la veille d'un nouveau sommet européen, décrit, abusivement sans doute, comme celui de la dernière chance, l'Allemagne d'Angela Merkel apparaît au contraire, comme tirant l'Europe vers le bas.
L'Allemagne était justement perçue hier comme le moteur de l'idéal européen. Comment en est-elle venue à être vue aujourd'hui comme un frein, qui, par sa rigidité, sa certitude absolue d'avoir raison, risque de conduire l'Europe à l'implosion ? Comment expliquer cette transformation radicale de la perception sinon de la réalité de l'Allemagne?
A en croire le discours allemand officiel, rien n'a changé : l'Allemagne n'a jamais été plus fédéraliste, donc plus européenne. En fait, et c'est une ironie de l'histoire, les Allemands parlent aujourd'hui du projet européen comme le faisaient les Français avant la réunification de l'Allemagne. Vu de Paris alors, l'Europe était la poursuite des ambitions de la France par d'autres moyens : un multiplicateur d'influence et donc de puissance qui permettait de porter plus loin et plus fort la voix de la «Grande Nation». A l'époque, l'Allemagne, toujours divisée, voyait dans la construction européenne une protection contre le retour possible de ses démons intérieurs.
Quand aujourd'hui Berlin parle de l'Europe, c'est «à la française» et non plus «à l'allemande». L'Europe n'est plus pour elle un rempart contre ses « côtés noirs », mais le prolongement d'elle-même par le biais d'un fédéralisme qui lui est si naturel.
En réalité, le changement du regard des Allemands sur eux-mêmes a précédé la modification de notre regard sur l'Allemagne. Cette transformation est le produit de causes tout autant subjectives qu'objectives. Elle tient bien entendu d'abord au passage des générations. En sacrifiant son mark sur l'autel de l'Union, l'Allemagne a aussi le sentiment d'avoir assez donné.
En renforçant des déséquilibres existant entre l'Allemagne et le reste en Europe, la crise financière, économique n'a pas créé mais accéléré cette double transformation du regard.
Parce qu'elle est un pays de plus de 80 millions d'habitants qui a su maintenir ses traditions industrielles dans l'univers hypercompétitif de la globalisation, l'Allemagne a pu creuser l'écart entre elle-même et le reste de l'Europe. Parce que le chancelier Schröder a eu le courage de procéder à des réformes de structure bien avant les autres, l'Allemagne se retrouve désormais (à nouveau?) seule, dans sa catégorie de puissance.
Ce déséquilibre objectif ne saurait être contenu par une quelconque «alliance de revers» entre la France, l'Italie et l'Espagne. Une telle vision issue de l'époque du « concert européen » est parfaitement anachronique et profondément non européenne. Considérer que les peuples ne sont pas prêts à l'intégration fédérale la plus complète est une chose, les inciter au retour des nationalismes querelleurs en est une autre. Il existe l'Euro - la compétition européenne de football -pour servir d'exutoire aux nationalismes européens.
De la même manière, c'est une illusion de croire que la légitimité toute neuve de la France de François Hollande, opposée à la popularité déclinante d'Angela Merkel en Allemagne, suffira à rétablir l'équilibre entre nos deux pays.
L'essentiel est ailleurs. Il consiste à dire à l'Allemagne avec la plus grande fermeté et la plus grande douceur que, en campant sur ses positions, en se comportant vis-à-vis du projet européen comme une «seconde France», elle conduit l'Europe tout droit au mieux vers une « Europe gaulliste à l'anglaise », au pire vers une désintégration du projet européen.
Beaucoup d'économistes anglo-saxons accusent aujourd'hui Angela Merkel de conduire l'Europe, sinon le monde, à une crise similaire à celle des années 1930. Une comparaison historique qui est sans doute excessive. Mais, parce qu'elle est aujourd'hui le pays qui a objectivement le plus de pouvoirs en Europe, l'Allemagne aura plus de responsabilité que quiconque dans le succès ou l'échec du prochain sommet européen.» [Fonte]
Autoria e outros dados (tags, etc)
Efeito contágio
Num dia em que a Grécia se vê forçada a mudar de Ministro das Finanças que verdadeiramente nunca chegou a sê-lo por nunca haver jurado o seu cargo, a Espanha formaliza o pedido de resgate financeiro para o seu sistema bancário, num valor que poderá atingir os 100MM€ mas que não é especificado e será determinado, bem como todas as condições associadas ao referido resgate incluindo o Memorando de Entendimento que o acompanhará, na próxima reunião do Eurogrupo; no mesmo dia, é Chipre que revela igualmente necessitar de auxílio financeiro internacional que tentará obter junto da Rússia e, revelando-se impossível ou insuficiente, junto das instâncias comunitárias e do FMI. Já vai em 5 a lista dos Estados resgatados. Da Europa do Sul fica a faltar apenas, não se sabe por quanto tempo, a imensa Itália - e não está dito nem escrito em lado algum que a relação possa ser dada por concluída. Lentamente, para quem tivesse dúvidas ou não soubesse com rigor do que se tratava, está aí o chamado efeito contágio ou dominó.
Autoria e outros dados (tags, etc)
A mini-cimeira de Roma
Merkel, Hollande, Monti e Rajoy - que é como quem diz, Alemanha, França, Itália e Espanha - as quatro maiores economias da União Europeia e da zona euro, reuniram-se hoje em cimeira, em Roma, à margem das instituições comunitárias. Um reforço da integração europeia, uma leve abordagem à criação de um imposto sobre transações financeiras internacionais, a afirmação da crença no euro e, sobretudo, a afectação de 1% do PIB da zona euro (cerca de 130MM€) a um fundo destinado a impulsionar o crescimento - terão sido as principais decisões saídas da Cimeira. Não parece, todavia, que este seja um método estimável ou recomendável para o aprofundamento da integração europeia. Estas cimeiras revelam a opção pelo método intergovernamental - quando é de mais método comunitário que a Europa da União precisa e necessita. Curiosa e significativamente, na mini-cimeira de Roma, não esteve presente nem Durão Barroso nem o imprestável Herman van Rompuy, que o mesmo é dizer, nem a Comissão nem o próprio Conselho Europeu se fizeram representar ou foram convidados para o evento. O que elimina quaisquer dúvidas sobre a sua clara natureza intergovernamental. Ora, a Europa que se pretende construir não é a do directória, seja ele formado pelo casal Merkozy ou pelos líderes das maiores economias. A Europea que se quer construir, por ser a única com futuro e viabilidade, é a da integração supranacional, do reforço do papel e das instituições europeias, da afirmação e da primazia dos interesses de todos em detrimento dos interesses de alguns. A essa luz não parece que as notícias vindas de Roma possam ser significativamente encorajadoras ou promissoras....
Autoria e outros dados (tags, etc)
Mais um contributo para a confusão....
No debate quinzenal na Assembleia da República, Pedro Passos Coelho é instado a esclarecer as verdadeiras e reais condições do resgate financeiro concedido a Espanha na passada semana. Quando se esperava o esclarecimento, surge a dúvida e instala-se a perplexidade: formalmente não existiu nenhum pedido de auxílio financeiro por parte de Espanha nem nenhuma deliberação foi tomada sobre as respectivas condições! Ocorre perguntar, afinal, o que é que tem estado a ser discutido e debatido por esta Europa fora ao longo desta última semana... Pelos vistos, nada mais que vagas intenções ou distantes possibilidades. Daquelas que, antes de o serem, já o eram...
Autoria e outros dados (tags, etc)
As condições do resgate
Lentamente vão-se desvendando as condições associadas ao resgate financeiro da banca espanhola, num processo que continua a primar pela opacidade e absoluta falta de transparência: 100MM€ emprestados a uma taxa de juro de 3% por um prazo de 15 anos, sendo que nos primeiros 5 anos existirá uma carência de pagamento de juros e capital e, portanto, a operação não influenciará o deficit orçamental e apenas se repercutirá na dívida pública do Estado. A serem condições verdadeiras, percebe-se a (relativa) satisfação de Rajoy, sobretudo se as cotejar com as que estiveram associadas aos resgates grego, irlandês e português. Em todo o caso a prudência manda não dar o assunto por encerrado e continuar a aguardar que de desvendem mais pormenores de um negócio que se deveria ter pautado pela máxima transparência e clareza. Do que parece já não haver dúvidas, sobretudo depois das declarações públicas de Durão Barroso, é que este resgate foi claramente imposto a Rajoy pela União Europeia, tendo as autoridades espanholas feito tudo quanto esteve ao seu alcance para o protelat ou evitar. Apesar de, publicamente, a história que foi divulgada ter sido, justamente, a contrária.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Carta de Rajoy a la UE tres días antes del rescate: “La situación es insostenible”
«El presidente del Gobierno, Mariano Rajoy, envió el pasado 6 de junio al presidente del Consejo Europeo, Van Rompuy, y al de la Comisión, Durao Barroso, una carta de más de cuatro folios en la que alertaba de que la UEse quedaba sin tiempo y el euro estaba en peligro si no se acometían una serie de reformas urgentes como la “unión fiscal y bancaria”. Tres días después, se producía la ‘asistencia financiera’ a España. En la carta, Rajoy asegura que “la situación es insostenible, impredecible y podría llevar al euro al límite”, y exige a los líderes europeos llevar a cabo una política de reformas que pongan fin “a la huida de liquidez desde los países de la periferia al centro”. Según Rajoy, por mucho que los Gobiernos pongan en marcha reformas, recortes y otras medidas dolorosas, los mercados perciben “el riesgo de la ruptura del euro”, lo que hace que ninguna de esas políticas tenga éxito. A su entender, una unión monetaria requiere, para su éxito, que estén presentes dos condiciones: estabilidad fiscal para evitar presiones sobre la moneda; y mercados flexibles para crear los mecanismos de ajuste interno de los que hoy carece la unión monetaria. "Todo ello, junto con un sistema financiero sólido, integrado y bien supervisado, es la base para que los beneficios de la integración monetaria se materialicen", apunta. En la carta, que en ocasiones es descarnada –“es necesario atajar esta situación cuanto antes”, “carecemos de tiempo”- el presidente del Gobierno español culpa al retraso en la asunción de una política de ajuste fiscal y otras reformas de la situación actual, y asegura que la crisis está galopando desde 2007 y la UE no reaccionó. Por ello, Rajoy reclama que en la cumbre europea del 27 y 28, los líderes comunitarios pongan en marcha una “unión fiscal y bancaria”, con un “fondos de garantías de depósitos común”. Rajoy es consciente de que los pasos en esa dirección supone “mayor cesión de soberanía en los ámbitos fiscal y bancario”, pero el presidente del Gobierno asegura que sólo esa política “pondrá a salvo el euro”. “Es preciso que las empresas y los hogares tengan acceso a la liquidez”, y sólo si se elimina del mercado la percepción de que Europa no cree en su moneda, se podrá poner fin a la crisis de deuda. Así, Rajoy destaca que se vive un momento de mercados financieros fragmentados que se ve "agravado por la incertidumbre proveniente de Grecia y por las dudas sobre la moneda única". "Es la incertidumbre sobre el euro la que está impidiendo que las medidas de ajuste que muchos Estados Miembros estamos llevando a cabo tengan los efectos positivos que deberían", dice, para recalcar que la "presión" sobre muchos países está aumentando.» [Fonte]
Autoria e outros dados (tags, etc)
Ainda o resgate espanhol
Passa o tempo e passam as horas e vão-se conhecendo mais detalhes do resgate espanhol ontem anunciado. O seu limite máximo será de 100MM€ mas o seu valor preciso ainda não está definido. Nem as suas condições e detalhes particulares, que só serão conhecidos no final do mês, por altura da cimeira do Conselho Europeu. O que é dado como adquirido, para além do facto de se destinar especificamente ao sector bancário e não à economia espanhola, é que no mesmo apenas participarão instituições europeias, nomeadamente o Banco Central Europeu, o Fundo Europeu de Estabilização Financeira e o futuro Mecanismo Económico Europeu, com expressa exclusão do Fundo Monetário Internacional. E, ao que tudo indica, a sua concessão não irá agravar o défice orçamental espanhol, limitando-se a reflectir-se na dívida pública do Estado espanhol. São pormenores revelados na 25ª hora, no dia seguinte, em conferência de imprensa e antes de uma deslocação à Polónia porque hoje é dia de jogo da "roja" neste Euro 2012. Ainda e outra vez, privilégios de Presidente de Governo...
Autoria e outros dados (tags, etc)
O resgate espanhol
O que tem de ser tem muita força. E desta feita o que tinha de ser era o resgate financeiro a Espanha, eufemisticamente dito que não concedido ao país mas apenas ao seu sistema bancário, e que surge no fim de uma muito anunciada e divulgada reunião do Eurogrupo, realizada por videoconferência ao longo de mais de três horas. 100MM€ é o valor anunciado dirigido apenas à recapitalização da banca espanhola. Pese embora os esforços esforçados do Ministro de Guindos em esclarecer que não é de um resgate que se trata nem que tem o Estado espanhol por destinatário - ninguém duvida que a partir deste momento a Espanha engrossa o rol dos Estados intervencionados ou apoiados financeiramente pelas instituições internacionais. Um rol que tragicamente se vai alargando sem que se possa dizer com segurança quantos ou quais os que se podem considerar a salvo de tal destino. Curiosamente, da cena mediática associada ao anúncio do resgate espanhol houve quem primasse pela ausência e se destacasse pela falta de comparência. Privilégios de Presidente de Governo.
Autoria e outros dados (tags, etc)
O objectivo de Rajoy
A Espanha está cada vez mais próxima de pedir ajuda financeira internacional, tendo como principais beneficiários os principais bancos do país que, segundo estimativas várias, poderiam necessitar de entre 20MM€ e 100MM€. No Senado de Madrid, Rajoy assumiu a inevitabilidade de um apoio financeiro internacional a Espanha, reclamou mais solidariedade europeia, pediu eurobonds e uma verdadeira união bancária semelhante à que ontem foi evocada por Durão Barroso em Berlim. Apenas com uma ligeira nuance - em nome da soberania nacional, ou daquilo que dela resta, Rajoy parece reticente em se curvar à formalização de um pedido de auxílio, preferindo que sejam os bancos nacionais a recorrerem directamente aos fundos de resgate internacionais; e, como consequência, pretende libertar-se da prestação de contas e de un programa de ajustamento sob tutela externo que tal auxílio sempre tem suposto. Será curioso estar atento e seguir a evolução deste tema, que mais não seja para verificar se o Presidente do governo espanhol conseguirá o melhor dos dois mundos: os fundos de apoio europeus sem a contrapartida de um programa de ajustamento.
Autoria e outros dados (tags, etc)
"Merkel está a apagar fogo" na Europa "com gasolina"
«O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros alemão Joschka Fischer afirmou hoje num artigo publicado no jornal 'Sueddetusche Zeitung', que a Europa "está em chamas, mas a chanceler Angela Merkel anda a tentar apagar o fogo com gasolina". Na opinião de Fischer, político do partido alemão Os Verdes, a Europa "está à beira do abismo e cairá nele nos próximos meses, e só poderá mudar de rumo se Berlim e Paris chegarem a acordo sobre uma união fiscal". O político ambientalista entende por união fiscal a compra ilimitada de dívida pública de países da moeda única pelo Banco Central Europeu e a mutualização das respetivas dívidas, através da emissão de "eurobonds". No artigo para o jornal de Munique, o ex-chefe da diplomacia alemã diz ainda que os tempos que correm "são graves, muito graves", e exorta a coligação de centro direita liderada por Merkel a alterar a sua política europeia. O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, reagiu às posições de Fischer afirmando que a ação do executivo "não tem por objetivo destruir a Europa. O governo federal dá um grande contributo para o desenvolvimento da Europa, na crise atual". No artigo no Sueddetusche Zeitung, Joschka Fischer defende que "a estratégia de austeridade de Merkel só agrava a crise financeira e conduz à depressão", lembrando que a mesma estratégia também não serviu para suplantar a grande crise económica mundial de 1929. O político ambientalista refere ainda que, "se a Grécia se afundar no caos, haverá uma corrida aos bancos em Espanha, na Itália e em França que desencadeará uma avalancha capaz de soterrar a Europa". Para Fischer, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de social democratas e ambientalistas, entre 1998 e 2005, só a Alemanha pode garantir a sobrevivência da zona euro, e com o seu potencial económico deve financiar programas de crescimento. Para isso, "vale a pena contrair mais dívidas", sublinhou. Fischer escreve ainda que "nunca a Alemanha esteve tão isolada" e que "ninguém percebe a política dogmática" de Merkel. "Na Europa acham que somos um condutor em contra-mão", afirmou o ex-MNE alemão.» [Fonte]