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Devido ao impacto da crise na Grécia, Chipre mais perto de pedir ajuda internacional

Domingo, 03.06.12

«O Chipre estará próximo de pedir ajuda à Europa devido ao impacto da crise na Grécia sobre o seu sistema bancário, disse em entrevista ao ‘Financial Times’ (FT) o governador do banco central do país, Panicos Demetriades. De acordo com o responsável, com a aproximação do final do mês, data limite para a recapitalização do Banco Popular do Chipre, a segunda maior instituição bancária do país, num montante mínimo de 1,8 mil milhões de euros, o recurso à União Europeia (UE) torna-se mais provável. Panicos Demetriades admitiu que o Chipre vive "tempos de crise". Também o presidente do Banco Popular do Chipre, Michalis Sarris, sugeriu ao ‘FT’ que o país tem poucas alternativas para evitar pedir ajuda internacional. "É difícil de perceber de onde [a capitalização] virá, se não for da Europa", salientou Sarris, sublinhando que "o apetite para dar financiamento ao Chipre secou há já muitos meses". Recorrer aos fundos de emergência da UE seria um sério revés às pretensões dos cipriotas, que até ao momento rejeitaram a assistência europeia, tendo inclusive preferido receber um empréstimo da Rússia, que ascendeu a 2,5 mil milhões de euros e se destinou a ajudar o governo a pagar os custos com a sua dívida. Os bancos cipriotas perderam mais de 3 mil milhões de euros com o acordo de reestruturação da dívida pública grega, e têm uma exposição de 22 mil milhões de euros ao sector privado grego. Demetriades, que assumiu o cargo no banco central cipriota apenas no mês passado, ressalvou que ainda poderá ser possível recapitalizar o Banco Popular do Chipre de outras maneiras, através do recurso ao financiamento de privados ou ao empréstimo de um outro país. Há ainda negociações a decorrer entre o Chipre e as autoridades europeias tendo em vista a extensão do prazo de 30 de Junho para o final de agosto no que toca à recapitalização da banca. "Há uma solução limite e essa solução é o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), pelo que será usada caso seja necessário", frisou o governador. O Chipre assumirá a presidência da UE já no próximo mês.» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 18:11

A razão para os adiamentos no 2º auxílio à Grécia: vários países rejeitam Grécia no euro e preferem bancarrota

Quarta-feira, 15.02.12

"A crise grega parece estar à beira de um novo capítulo, com a vinda a público de divergências entre os parceiros europeus sobre a opção por um segundo resgate, com alguns a preferirem que o país entre em bancarrota. A notícia merece a manchete desta quarta-feira do Financial Times, e entretanto foi confirmada pelo ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos. “É preciso dizer a verdade ao povo grego: há vários países [da zona euro] que já não nos querem. É preciso convencê-los” de que a Grécia pode vencer e permanecer no grupo “pelas próximas gerações”, afirmou, citado pela agência francesa AFP, à chegada para uma audiência com o Presidente da República, Carolos Papoulias. “O desafio da nossa geração são quer os sacrifícios e os cortes, quer a catástrofe nacional que pode arrastar a nossa sociedade, as nossas instituições e a democracia”, acrescentou. O Eurogrupo anulou na terça uma reunião dos Ministros das Finanças da zona euro, prevista para esta quarta-feira, que deveria aprovar um novo pacote de ajuda para lhe permitir evitar a bancarrota dentro de um mês, o que lançou mais incerteza sobre o futuro do país. Jean-Claude Juncker, o Presidente do Eurogrupo, disse que tomou a decisão de anular a reunião, substituindo-a por uma "teleconferência" para permitir uma discussão de alguns aspectos que estão por resolver, mas o Financial Times adianta (citando “altos funcionários europeus”) que há uma divisão crescente sobre se Atenas merece a confiança de um segundo resgate a as consequências de um desfecho que resulte numa pura bancarrota do país.O Ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, já tinha dito que a zona euro estava “agora melhor preparada do que há dois anos” para lidar com um incumprimento. Há alguns dias, a comissária europeia holandesa, Neelie Kroes (que é vice-presidente da Comissão) afirmou, por seu lado, que “ninguém morre” se a Grécia sair do euro, o que contraria a posição oficial do executivo liderado por Durão Barroso. Porém, o comissário europeu da Economia e Finanças, Olli Rehn, advertiu para “consequências devastadores” de um cenário desse tipo, e segundo as fontes do Financial Times esta posição tem o apoio da França e do BCE." [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 18:12

Wolfgang Münchau: Chegou a altura de deixar a Grécia e Portugal falirem

Segunda-feira, 13.02.12

Na sua coluna de hoje no Financial Times, Wolfgang Münchau critica asperamente a “ignorância e arrogância” dos decisores políticos da Europa ao entrarem no “quinto ano de recessão”. Depois de o parlamento grego ter aprovado os cortes de 3,3MM€ para poder receber um segundo empréstimo no valor de 130MM€, Münchau afirma: «Vai haver um período de acalmia mas, daqui a uns meses, tornar-se-á claro que os cortes nos salários e nas pensões, na Grécia, agravarão a depressão. Os políticos europeus também descobrirão que num ambiente tão desolador até mesmo um pequeno objetivo para privatizações será irrealista. O PIB grego caiu 6% em 2011 e, este ano, continua a desacelerar a igual ritmo. E em breve será necessário outro acordo com os credores privados. Há quem defenda que seria melhor obrigar a Grécia a sair já da zona euro e usar os fundos para salvar Portugal. Discordo. Penso que é muito melhor reconhecermos o desolado estado em que ambos os países se encontram, deixá-los falir dentro da união monetária, e então, usar um fundo de resgate aumentado para os ajudar a reconstruírem-se e, ao mesmo tempo, criar um muro de proteção que abranja os outros todos. […] Vai ser muito caro. Mas ignorar a realidade durante mais dois anos será ruinoso».

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publicado por Joao Pedro Dias às 22:02

Grécia cede soberania orçamental à UE?

Sábado, 28.01.12

O Financial Times (link indisponível, só para assinantes) dá notícia de que o segundo plano de resgate financeiro à Grécia, acordado na Cimeira do Conselho Europeu do passado dia 9 de Dezembro, só se concretizará, por pressão alemã, se a Grécia abdicar da sua soberania orçamental e confiar nas mãos de um delegado das organizações internacionais responsáveis pelo segundo empréstimo de 130MM€ as principais decisões atinentes à sua política orçamental. A TSF tem a gentileza de me pedir um comentário à notícia que surge e o primeiro pensamento que me ocorre é o de que, para os Estados resgatados ou intervencionados, falar-se já hoje de «soberania orçamental» é um absoluto eufemismo. Os Estados que foram alvo de resgate internacional já perderam a sua soberania orçamental e esta já transitou dos representantes dos eleitores para os credores. E não é só na Grécia que isto que se passa.... Por outro lado, mesmo sem resgates financeiros internacionais, convém recordar que os semestres europeus já limitam de forma significativa a capacidade e autonomia dos Estados - e dos seus Parlamentos nacionais - em matéria orçamental. Não é, pois, de matéria virgem que estamos a falar; pode variar o grau da limitação, não muda a natureza da mesma. A confirmar-se a notícia avançada, porém, há outra ilacção que não pode deixar de ser tirada - a estratégia que tem estado a ser seguida para a Grécia estará muito longe de produzir os resultados desejados. Daí que novo empréstimo tenha de obedecer a novas regras e a novos princípios. Resta saber da viabilidade de tais princípios serem, efectivamente aplicados. Creio serem legítimas algumas dúvidas nessa matéria. Na crise actual, que surgiu na periferia e se vem estendendo para o centro da Europa, nenhum Estado-Membro da União se poderá dizer, verdadeiramente, a salvo dos seus efeitos. Daí que talvez se venha a registar alguma prudência na imposição destas limitações orçamentais. É que o que hoje diz respeito aos meus vizinhos, amanhã poder-me-á tocar a mim.... Para memória futura, podem ser escutados aqui excertos as declarações proferidas.

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publicado por Joao Pedro Dias às 13:23

Preparem-se, a Europa está a morrer - by Helena Garrido

Terça-feira, 06.12.11

"A União Europeia e o euro estão a morrer às mãos da Alemanha. Pela Alemanha nasceram, por causa da Alemanha arriscam a morte. 

Hoje todos aceitam as directivas de Angela Merkel que Nicolas Sarkozy finge serem também da França. Estamos submergidos pelas dívidas e subjugados pelo terror do fim do euro. Mas a humilhação dos povos, pelos menos de alguns, paga-se. 

As bolsas festejaram, as taxas de juro caíram e os líderes do outro lado do Atlântico respiraram de alívio. Mas tudo pode ser efémero. Pela actuação dos investidores e pelo que a história ensina dos povos europeus. 

Os que ditam as regras do mercado, claro, reagem mais rapidamente que os povos. Ontem, ao fim do dia, a agência de "rating" Standard & Poor's revelava ao "Financial Times" a possibilidade de baixar o "rating" da Alemanha, França, Holanda, Áustria, Finlândia e Luxemburgo que hoje contam com a nota máxima (três A). Basta a França perder o valor de país sem risco para o mesmo acontecer ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) que está a angariar recursos para países como Portugal. No outro lado do Atlântico, onde se compreende muito bem como funciona a economia financeira, valem zero as conversas sobre revisões de tratados e regras de disciplina financeira que levam meses e são ditados por dois países em 17 ou 27. 

Deste lado do Atlântico, quem conhece a Europa, sabe que a dupla Merkzozy traçou um caminho incerto para ganhar a batalha do colapso imediato do euro mas aprofundou ainda mais as feridas, abertas desde que esta crise começou em 2010, na soberania e na democracia dos países europeus e da União Europeia. 

A Europa de Jean Monnet foi construída com os valores do respeito pelo outro, num tempo em que a Alemanha não era a grande Alemanha, mas a Alemanha saída da guerra - como este fim-de-semana lembrou Helmut Schimdt. Os tratados foram sempre revistos num ritual que respeita os valores da democracia e a diferença entre os povos. Nunca nasceram de reuniões entre a França e a Alemanha. Sim, a história conta que o euro nasce de um compromisso entre Paris de Miterrand e, na altura, Bona de Kohl. Eu, disse a Alemanha, concordo em partilhar a minha soberania monetária, e eu, disse a França, concordo com a unificação alemã. Mas nem por isso se deixou de construir um Tratado, o de Maastricht, com todos os rituais que os valores da democracia e liberdade exigem. 

A Alemanha prefere sacrificar os valores da democracia e da igualdade entre os povos no altar da sacrossanta proibição do financiamento monetário da dívida que vai alimentando ganhos financeiros. Sem se dar conta, a Alemanha está a ser cúmplice dos ganhos de milhões que muitos bancos, investidores, estão a obter, cobrando 6 a 7% aos Estados soberanos do euro para, com esses títulos, a renderem essas taxas, irem buscar dinheiro a 1% ao BCE. Porque o banco de Frankfurt pode deixar os bancos ganharem dinheiro à custa dos soberanos, mas não pode ajudar directamente os povos. Porque, na narrativa que nos vai sendo feita, os povos têm de ser castigados por terem gasto de mais. Sem que ninguém queira saber porque gastaram e como gastaram e muito menos quem foi que quebrou, sem consequências, a regra do Pacto de Estabilidade. 

Temos de nos preparar. Os povos sofrem, mas não esquecem. De Atenas a Dublin, passando por Lisboa, de Roma a Madrid, as feridas vão ficando. Podemos estar seriamente perante a vitória numa batalha que nos lança para a pior das guerras, a da desintegração europeia." [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 10:45