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Antevendo mais um Conselho Europeu

Quinta-feira, 28.06.12

Inicia-se hoje mais uma cimeira do Conselho Europeu. Durante semanas a fio foi transmitida a ideia da completa e absoluta transcendência desta reunião para a adopção das medidas indispensáveis à «salvação» do euro, à resolução das crises das dívidas soberanas, ao avanço nos domínios da integração económica e monetária, especialmente nas suas componentes bancária e orçamental, ao lançamento de um processo que chegou a ser assumido como de refundação da própria União Europeia a lançar nesta Cimeira e a decorrer até final do corrente ano. Em suma - eram grandes as expectativas e estava alta a fasquia. Dum momento para o outro, sem que se tenha bem percebido o como e o porquê, tudo se esvaiu, tudo se desfez, todas as ilusões se desmoronaram. Bastou a Sra Merkel ter classificado como "desproporcionadas" as propostas de trabalho formuladas por van Rompuy - Durão Barroso - Jean-Claude Junhcker - Mario Draghi e ter reiterado a sua oposição à mutualização das dívidas públicas dos Estados-Membros, relembrando que nem na República Federal existe um tal mecanismo entre os diferentes Länder; bastou o Presidente Hollande aparentar ter desistido (pelo menos para já) dos eurobonds e o Presidente Durão Barroso ter proclamado que não se deviam esperar milagres desta Cimeira - para a fasquia rastejar, para as esperanças ruirem e esta se arriscar a enfileirar no extensíssimo rol das Cimeiras da decepção, aquelas que muito prometem e pouco (ou quase nada) logram alcançar. É mais uma evidência e mais um exemplo do estado de esquizofrenia verdadeiramente bipolar que caracteriza a União dos nossos dias.

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publicado por Joao Pedro Dias às 01:10

L'Allemagne, une seconde France

Quarta-feira, 27.06.12

«En 2000, dans son discours à l'université Humboldt de Berlin, Joshka Fisher, alors ministre des Affaires étrangères du gouvernement de Gerhard Schröder, donnait de l'Allemagne l'image positive, presque visionnaire, d'un pays qui voulait tirer l'Europe vers le haut. L'Allemagne, réunifiée depuis moins de dix ans, répondait ainsi à tous ceux qui craignaient le retour de sa puissance en faisant preuve d'un mélange harmonieux de modestie et d'ambition portés par un idéalisme européen empreint de réalisme.


Aujourd'hui, douze ans plus tard, à la veille d'un nouveau sommet européen, décrit, abusivement sans doute, comme celui de la dernière chance, l'Allemagne d'Angela Merkel apparaît au contraire, comme tirant l'Europe vers le bas.


L'Allemagne était justement perçue hier comme le moteur de l'idéal européen. Comment en est-elle venue à être vue aujourd'hui comme un frein, qui, par sa rigidité, sa certitude absolue d'avoir raison, risque de conduire l'Europe à l'implosion ? Comment expliquer cette transformation radicale de la perception sinon de la réalité de l'Allemagne?


A en croire le discours allemand officiel, rien n'a changé : l'Allemagne n'a jamais été plus fédéraliste, donc plus européenne. En fait, et c'est une ironie de l'histoire, les Allemands parlent aujourd'hui du projet européen comme le faisaient les Français avant la réunification de l'Allemagne. Vu de Paris alors, l'Europe était la poursuite des ambitions de la France par d'autres moyens : un multiplicateur d'influence et donc de puissance qui permettait de porter plus loin et plus fort la voix de la «Grande Nation». A l'époque, l'Allemagne, toujours divisée, voyait dans la construction européenne une protection contre le retour possible de ses démons intérieurs.


Quand aujourd'hui Berlin parle de l'Europe, c'est «à la française» et non plus «à l'allemande». L'Europe n'est plus pour elle un rempart contre ses « côtés noirs », mais le prolongement d'elle-même par le biais d'un fédéralisme qui lui est si naturel.


En réalité, le changement du regard des Allemands sur eux-mêmes a précédé la modification de notre regard sur l'Allemagne. Cette transformation est le produit de causes tout autant subjectives qu'objectives. Elle tient bien entendu d'abord au passage des générations. En sacrifiant son mark sur l'autel de l'Union, l'Allemagne a aussi le sentiment d'avoir assez donné.


En renforçant des déséquilibres existant entre l'Allemagne et le reste en Europe, la crise financière, économique n'a pas créé mais accéléré cette double transformation du regard.


Parce qu'elle est un pays de plus de 80 millions d'habitants qui a su maintenir ses traditions industrielles dans l'univers hypercompétitif de la globalisation, l'Allemagne a pu creuser l'écart entre elle-même et le reste de l'Europe. Parce que le chancelier Schröder a eu le courage de procéder à des réformes de structure bien avant les autres, l'Allemagne se retrouve désormais (à nouveau?) seule, dans sa catégorie de puissance.


Ce déséquilibre objectif ne saurait être contenu par une quelconque «alliance de revers» entre la France, l'Italie et l'Espagne. Une telle vision issue de l'époque du « concert européen » est parfaitement anachronique et profondément non européenne. Considérer que les peuples ne sont pas prêts à l'intégration fédérale la plus complète est une chose, les inciter au retour des nationalismes querelleurs en est une autre. Il existe l'Euro - la compétition européenne de football -pour servir d'exutoire aux nationalismes européens.


De la même manière, c'est une illusion de croire que la légitimité toute neuve de la France de François Hollande, opposée à la popularité déclinante d'Angela Merkel en Allemagne, suffira à rétablir l'équilibre entre nos deux pays.


L'essentiel est ailleurs. Il consiste à dire à l'Allemagne avec la plus grande fermeté et la plus grande douceur que, en campant sur ses positions, en se comportant vis-à-vis du projet européen comme une «seconde France», elle conduit l'Europe tout droit au mieux vers une « Europe gaulliste à l'anglaise », au pire vers une désintégration du projet européen.


Beaucoup d'économistes anglo-saxons accusent aujourd'hui Angela Merkel de conduire l'Europe, sinon le monde, à une crise similaire à celle des années 1930. Une comparaison historique qui est sans doute excessive. Mais, parce qu'elle est aujourd'hui le pays qui a objectivement le plus de pouvoirs en Europe, l'Allemagne aura plus de responsabilité que quiconque dans le succès ou l'échec du prochain sommet européen.» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 21:43

A mini-cimeira de Roma

Sexta-feira, 22.06.12

Merkel, Hollande, Monti e Rajoy - que é como quem diz, Alemanha, França, Itália e Espanha - as quatro maiores economias da União Europeia e da zona euro, reuniram-se hoje em cimeira, em Roma, à margem das instituições comunitárias. Um reforço da integração europeia, uma leve abordagem à criação de um imposto sobre transações financeiras internacionais, a afirmação da crença no euro e, sobretudo, a afectação de 1% do PIB da zona euro (cerca de 130MM€) a um fundo destinado a impulsionar o crescimento - terão sido as principais decisões saídas da Cimeira. Não parece, todavia, que este seja um método estimável ou recomendável para o aprofundamento da integração europeia. Estas cimeiras revelam a opção pelo método intergovernamental - quando é de mais método comunitário que a Europa da União precisa e necessita. Curiosa e significativamente, na mini-cimeira de Roma, não esteve presente nem Durão Barroso nem o imprestável Herman van Rompuy, que o mesmo é dizer, nem a Comissão nem o próprio Conselho Europeu se fizeram representar ou foram convidados para o evento. O que elimina quaisquer dúvidas sobre a sua clara natureza intergovernamental. Ora, a Europa que se pretende construir não é a do directória, seja ele formado pelo casal Merkozy ou pelos líderes das maiores economias. A Europea que se quer construir, por ser a única com futuro e viabilidade, é a da integração supranacional, do reforço do papel e das instituições europeias, da afirmação e da primazia dos interesses de todos em detrimento dos interesses de alguns. A essa luz não parece que as notícias vindas de Roma possam ser significativamente encorajadoras ou promissoras.... 

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publicado por Joao Pedro Dias às 21:31

Novas regras de Schengen limitam livre circulação e enfurecem o Parlamento Europeu

Quinta-feira, 07.06.12

«Os ministros da administração interna da União Europeia (UE) acertaram nesta quinta-feira novas regras para o espaço Schengen que lhes permitirão reinstituir os controles de identidade nas fronteiras internas em caso de pressão migratória descontrolada. A decisão retoma a proposta franco-alemã de Abril passado que defendia a possibilidade de os Estados decidirem de forma unilateral repor os controles quando um país com a responsabilidade de vigiar uma fronteira externa, não consiga assegurar os devidos controles. A Grécia e a sua extensa fronteira com a Turquia, por onde se calcula que entrem todos os anos mais de 100 mil imigrantes clandestinos, é o principal país visado. Esta questão foi uma das grandes bandeiras eleitorais do ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante a campanha para a sua reeleição e que foi duramente criticada por vários países e pelo seu adversário socialista, François Hollande, eleito a 6 de Maio. Apesar disso, a decisão foi tomada por unanimidade dos 27 – incluindo o novo ministro francês, Manuel Valls – e ao arrepio da opinião da Comissão Europeia. O acordo "não é um mecanismo europeu" e "põe-nos à mercê das pressões populistas nos Estados", denunciou Cecilia Malmström, comissária europeia responsável pelos assuntos internos. O Parlamento Europeu criticou igualmente a decisão considerando, pela voz do seu presidente, Martin Schulz, que põe em causa um dos maiores "pilares da UE", a livre circulação sem controles nas fronteiras internas entre os 25 Estados de Schengen (todos os países da UE menos o Reino Unido, Irlanda, Chipre, Bulgária e Roménia, a que se juntam a Suíça, Noruega e Liechtenstein). As actuais regras já permitem que os governos reponham unilateralmente as fronteiras em caso de ameaça à segurança e ordem pública, como fez agora a Polónia antes do campeonato de futebol Euro 2012. A decisão dos ministros acrescenta agora a possibilidade de encerramento unilateral das fronteiras nos casos em que "o controle de uma fronteira externa do Espaço deixa de ser assegurado por causa de circunstâncias excepcionais". Nestas situações, os controles podem ser repostos por um período de seis meses, renovável por idêntico prazo. O ministro francês assegurou que o seu país não tem qualquer intenção de fechar unilateralmente as fronteiras mas insistiu em que "em situações de crise ou excepcionais os Estados membros de Schengen devem poder recuperar a sua soberania". Além da crítica à limitação da livre circulação, os eurodeputados insurgiram-se de forma particularmente veemente contra um outro aspecto do acordo dos ministros que exclui o PE das decisões relativas a Schengen. Para isso, os 27 alteraram unilateralmente a base jurídica da proposta da Comissão Europeia, de forma a que a participação do PE passou de co-decisão com o Conselho, para meras opiniões não vinculativas. "Com esta decisão, o Conselho enviou um sinal claro que é que eles encontrarão qualquer pretexto para fechar as fronteiras como nos fecham todas as portas a nós", protestou Guy Verhofstadt, presidente do grupo Liberal. "Não podemos aceitar isto", prosseguiu, interrogando-se se o PE não deverá suspender todas as negociações legislativas em curso com o Conselho se este não mudar de posição. Acusando igualmente os ministros de terem optado pelo "confronto" com o PE, Carlos Coelho, eurodeputado português do PSD, considerou que a decisão de limitação da livre circulação de cidadãos constitui "um retrocesso gigantesco". "O Parlamento não tem a intenção de pôr em questão as competências dos Estados membros quando se trata de garantia a segurança e a ordem pública", afirmou em comunicado. "No entanto, o encerramento das fronteiras que têm estado abertas até agora é uma questão que diz respeito a toda a Europa. Neste caso as instituições comunitárias têm de ser incluídas no processo de tomada de decisão", sem o que "estaremos a escancarar a porta ao populismo", afirmou. Vários grupos parlamentares anunciaram a intenção de apresentar queixa ao Tribunal de Justiça da UE contra o Conselho de ministros.» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 23:22

A Grécia deve abandonar o euro em caso de crise política, defende ex-ministro francês

Sábado, 02.06.12

O antigo ministro francês Bernard Kouchner disse hoje que a Grécia, nas eleições de dia 17, têm de conseguir  um governo maioritário, caso contrário "a saída do país do euro é a única  forma de salvar a Europa".Kouchner, ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro governo de  Nicolas Sarkozy, em França, falou hoje daquilo a que chamou "situação de  emergência extrema em que se encontra a Europa" durante as jornadas do Círculo de Economia, em Stiges, em Espanha. De acordo com o antigo chefe da diplomacia francesa, e cofundador da  organização não governamental Médicos Sem Fronteiras, a União Europeia enfrenta,  no próximo dia 17, um momento chave para o futuro "por causa das eleições  na Grécia e em França". Kouchner alertou para os riscos do que considerou "reforço dos partidos  da esquerda radical" gregos ou da falta de uma maioria parlamentar que garanta a governabilidade do país. Apesar de defender a continuidade da união monetária, Kouchner disse  que caso a Grécia não consiga um governo estável, a melhor forma de "salvar  a Europa" pode ser a saída do país da zona euro. "É trágico mas temos de aceitar o resultado das eleições e ver o que  acontece" disse ainda Kouchner, que alertou que uma nova crise política  em Atenas pode provocar "uma segunda cadeia de reprecursões muito difícil  de ultrapassar" em países como Portugal ou Espanha. O ex-ministro francês acrescentou que outra possibilidade para os gregos  pode ser a aceitação de um "governo técnico". "Espero que os gregos consigam um certo consenso, mas não é fácil para  eles", disse, "já que não é fácil aceitar um plano de austeridade num país  pobre". "Por outro lado, também não é fácil para os políticos europeus observarem  a realidade grega", apontou, insistindo estar a favor do futuro da Europa  e na "manutenção da Grécia no grupo dos 27, apesar de, hoje em dia, ninguém  saber ao certo o que vai acontecer". No dia 17 realizam-se eleições na Grécia e também legislativas em França  em que o presidente socialista, François Hollande, vai tentar conseguir  maioria para conseguir executar o plano de reformas. "No dia 17 vamos assistir ao início de uma nova estratégia ou de um  novo rumo para a Europa", sublinhou.

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publicado por Joao Pedro Dias às 19:15

França e Luxemburgo insistem que é preciso debater a criação de euro-obrigações

Quarta-feira, 30.05.12

«O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e o ministro francês das Finanças, Pierre Moscovici, defenderam nesta quarta-feira a necessidade de a zona euro discutir a criação de obrigações europeias, um dossier que o Presidente francês, François Hollande, prometeu recolocar no debate europeu. Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro luxemburguês e líder do Eurogrupo enquanto responsável pelas Finanças do seu país, recebeu Pierre Moscovici na sede do Governo do Governo luxemburguês. Pierre Moscovici reiterou a posição do Governo francês para que a zona euro crie um mecanismo de emissão de obrigações europeias (títulos de dívida). A proposta, que considerou importante e estrutural, “está sempre em cima da mesa”. Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, o ministro francês das Finanças reconheceu, numa referência à oposição alemã à mutualização da dívida dos países da moeda única, que existem pontos de vista que “não são idênticos” na Europa. Juncker lembrou, por seu lado, que propôs em 2010 a criação de obrigações europeias. Mas, nessa altura, sublinhou, o debate foi relativizado na Europa. Agora, a questão deve ser objecto de debate, insistiu. Em Novembro, a Comissão Europeia apresentou um estudo sobre três modelos possíveis de euro-obrigações, possibilidade que foi nessa altura criticada por responsáveis alemães. O reforço da integração da zona euro através de uma “união bancária”, a que apelou hoje o executivo comunitário, foi também abordada no final da reunião de Juncker e Moscovici. A propósito das recomendações económicas que Bruxelas emitiu nesta quarta-feira, observando que França poderá precisar de um esforço adicional para cumprir o objectivo do défice em 2013, o ministro francês das Finanças garantiu que a segunda maior economia do euro “respeitará os seus compromissos em termos de finanças públicas”. França vai cumprir a meta do défice de 4,5% este ano e de 3% no próximo, assegurou Moscovici.» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 21:44

França mostra reservas sobre disponibilidade alemã para liderar Eurogrupo

Terça-feira, 29.05.12

«O primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, mostra reservas sobre uma eventual nomeação do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, para a liderança do Eurogrupo, criticando a estratégia de combate à crise pela via da austeridade, e ao insistir que o sucessor de Jean-Claude Juncker tem de colocar o crescimento no topo das prioridades. A posição francesa foi assumida por Jean-Marc Ayrault numa entrevista publicada nesta segunda-feira no site da revista L’Express, onde é abordada a disponibilidade do governante alemão para liderar o fórum informal que reúne os ministros das Finanças dos 17 países da zona euro. Questionado sobre se a escolha de Schäuble para o Eurogrupo é “impensável”, o primeiro-ministro francês não assume uma posição clara. Mas critica o discurso que tem dominado as posições de Schäuble sobre o caminho para a resolução da crise das dívidas, em particular, a situação na Grécia. Os cidadãos “estão cansados deste clima de austeridade sem perspectivas, que cria argumentos para os populismos”, atira, depois de insistir na prioridade do crescimento para devolver “um novo futuro com confiança” à Europa. “Os alemães fizeram muitos esforços para a sua reunificação, são exigentes sobre a capacidade de cada país em controlar as suas contas públicas. Mas o problema é hoje o crescimento e o fosso que aumenta entre a Europa do Norte e do Sul”, observa. Por isso não se compromete sobre qual dos ministros com assento no Eurogrupo é que França vai apoiar para a liderança deste fórum informal. Desvaloriza a disponibilidade do governante conservador alemão para suceder ao luxemburguês Juncker, eleito em Janeiro de 2010 e cujo mandato termina a 17 de Julho. E reforça o que François Hollande defendeu uns dias antes de tomar posse como Presidente, quando este elogiou o trabalho de Juncker considerando útil o seu papel para defender o crescimento como via para inverter a estratégia de resolução da crise. Na pequena parte da entrevista onde são abordadas directamente as questões económicas europeias, a Grécia domina as preocupações do primeiro-ministro socialista francês. Reitera o apoio de Paris sobre a permanência do país na moeda única. E, neste caso, frisa a convergência de posição com a Alemanha. “Esperamos, como os alemães, e como a imensa maioria dos gregos, que continue na zona euro. É preciso dizer [à Grécia] que a Europa não a vai deixar cair, nomeadamente utilizando melhor os fundos estruturais, mas que têm reformas a fazer, por exemplo, a fiscal”. Sobre o dossier francês para a criação de obrigações europeias, Jean-Marc Ayrault frisa vagamente que “tudo deve estar em cima da mesa”, acrescentando que as incertezas em torno da situação grega obrigam a “abordar todas as hipóteses”. “As eurobonds, François Hollande disse-o, são uma perspectiva. Enquanto isso, o Mecanismo Europeu de Estabilidade pode desempenhar um papel mais [relevante] do que o esperado. Tenho confiança no pragmatismo dos nossos parceiros alemães”.» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 21:23

Eurolândia prepara novo salto na integração

Quinta-feira, 24.05.12

«Os países da zona euro estão a ponderar aprofundar de forma significativa a sua união económica e monetária ao assumir um plano que poderá incluir um sistema europeu de garantias bancárias, um regime europeu de supervisão do sistema bancário e a emissão comum, a prazo, de dívida pública através de eurobonds (obrigações europeias). O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, foi mandatado pelos líderes para desenvolver estas e outras pistas e apresentar dentro de pouco mais de um mês um relatório com as opções possíveis e um método de trabalho para as desenvolver. Este temas foram acertados pelos líderes da União Europeia (UE) durante o jantar informal que os reuniu na quarta-feira à noite para debater "sem tabus" pistas de estímulo à economia e novas possibilidades de aprofundamento da integração europeia para responder à crise da dívida. Van Rompuy trabalhará com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, o presidente do eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi. O tema voltará a ser abordado pelos líderes na próxima cimeira europeia de 28 e 29 de Junho. O presidente do Conselho Europeu confirmou que a questão dos eurobonds – um dos temas potencialmente mais controversos devido às divergências entre os governos, a começar pela França e Alemanha –, foi "abordada rapidamente por vários líderes durante o encontro que terminou depois da uma hora da manhã. Mas, frisou, a questão foi invocada "no quadro do aprofundamento a longo prazo da união económica e monetária". "Ninguém pediu a sua introdução imediata", frisou, lembrando que é uma questão que "levará tempo". O Presidente francês, François Hollande, o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, e Jean-Claude Juncker foram os principais defensores de um mecanismo destinado a permitir aos 17 membros do euro a partilha, de forma solidária, dos riscos da dívida emitida em comum de modo a baixar as taxas de juro dos países com maiores dificuldades de financiamento no mercado. A chanceler alemã, Angela Merkel, assumiu uma posição bem mais prudente, ao afirmar que os títulos de dívida em comum "não contribuem para relançar o crescimento na zona euro". "Respeito a opinião" da chanceler, afirmou Hollande, lembrando que, segundo a posição alemã, os eurobonds são um ponto de chegada de um processo de integração política, económica e financeira.  O presidente do BCE assumiu uma posição semelhante ao afirmar que "os eurobonds só fazem sentido se houver uma união orçamental".Pedro Passos Coelho, primeiro ministro português, considerou igualmente que os eurobonds "não são uma resposta para a situação actual" e "correspondem a um estado de evolução da integração política e económica que deve ser acelerado" mas "não corresponde nesta altura a um salto qualitativo que objectivamente esteja ao nosso alcance". Passos frisou ainda que "não há uma oposição do governo português de princípio à ideia" e que esse avanço poderá ser concretizado no quadro de uma maior integração financeira, económica e política".A Françaconsidera, ao invés que os eurobonds constituem "um ponto de partida", afirmou Hollande explicando que "por isso, os debates vão continuar".  O Presidente francês deixou no entanto claro que "não houve um conflito ou um confronto" entre os líderes e que houve mesmo outros países "muito mais firmemente contra" os eurobonds do que a chanceler. Merkel também disse que o debate sobre este tema foi "muito equilibrado". [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 10:36

Alemanha rejeita proposta de Hollande para eurobonds

Segunda-feira, 21.05.12

«A Alemanha rejeitou hoje a proposta do novo Presidente francês, François Hollande, à margem da cimeira do G8, para a introdução de eurobonds na zona euro, considerando-a "a receita errada no momento errado". "No momento atual, não vejo motivos para mudarmos de rumo, a introdução de eurobonds seria a receita errada no momento errado, e teria efeitos secundários contraproducentes", disse o secretário de Estado das finanças alemão, Steffen Kampeter, à emissora pública de rádio Deutschlandfunk. Na opinião de Kampeter, a base para uma política orçamental comum na Europa "é, em primeira linha, o Tratado Orçamental", e não a emissão de títulos conjuntos de dívida pública europeia, os chamados eurobonds. Uma tal emissão permitiria aos países da moeda única com dificuldades de acesso aos mercados de capitais financiarem-se em condições mais favoráveis. Em contrapartida, países como a Alemanha, que beneficiam de juros muito baixos para se financiar nos referidos mercados, teriam de pagar mais. O Governo de Angela Merkel tem recusado sistematicamente a emissão de eurobonds, considerando-os uma forma de mutualizar as dívidas públicas na zona euro. Berlim tem alertado também para o risco de uma tal medida poder contribuir para afrouxar os esforços de consolidação orçamental e de redução da dívida pública dos países da moeda única com elevados défices estruturais. Após uma reunião do G8, em Camp David (EUA), o novo chefe de Estado francês, François Hollande, anunciou, no entanto, que irá fazer propostas para incrementar o crescimento económico na União Europeia no Conselho Europeu Extraordinário de quarta-feira, em Bruxelas, incluindo a emissão de eurobonds. "Não estarei sozinho a fazer essas propostas", sublinhou Hollande. Nas declarações à Deutschlandfunk, Kampeter advertiu também o Presidente francês contra uma eventual interligação entre a questão dos eurobonds e a escolha do novo presidente do eurogrupo. Segundo o semanário Der Spiegel, Hollande coloca reticências à eleição para este cargo do atual ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, após a saída do atual titular, Jean-Claude Juncker. "Uma tal interligação de temas bem diferentes lançaria uma luz menos boa sobre a necessidade de consolidação orçamental na Europa, e não traria vantagens políticas e económicas aos países que estão a implementá-la", disse Kampeter. O responsável alemão esclareceu também que Berlim recusa também programas de apoio à conjuntura que signifiquem novo endividamento, ao contrário do novo Governo francês. "O que é preciso é melhorar as condições para que haja crescimento através de reformas estruturais que não pesem nos orçamentos", referiu Kampeter.» [Fonte]

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publicado por Joao Pedro Dias às 18:08

Reflectindo....

Terça-feira, 08.05.12

Desengane-se quem, apressadamente, já concluiu que no passado domingo a Europa virou à esquerda. É verdade que a França, ao eleger François Hollande, mas sobretudo ao derrotar Sarkozy, virou à esqurerda. Já a Grécia, por seu lado, não virou à esquerda: virou no sentido do abismo ou do precipício, esteja ele onde estiver, à esquerda ou à direita, ao centro, em cima ou em baixo. Ou em lado nenhum, como é mais provável.

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publicado por Joao Pedro Dias às 20:26