Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Haverá governo em Atenas?

Domingo, 17.06.12

A Grécia votou e cumpriu os mínimos a que estava obrigada: os resultados mostram que é possível formar um governo maioritário, ainda que seja à custa da coligação dos partidos que, paradoxalmente, entregaram os gregos à troika e que assinaram os dois resgates ao país. Resta saber se, havendo condições de governabilidade, haverá governo. E se, havendo governo, ele será suficientemente forte para repor o respeito devido a um Estado frequentemente desrespeitado na ordem internacional, apesar de resgatado, e simultaneamente para respeitar a palavra dada e os compromissos assumidos internacionalmente. É que se há coisa que esta longuíssima crise grega já nos mostrou é que, apesar das razões exógenas frequentemente adversas, não raro são os próprios gregos que dão uma ajudinha e, em vez de facilitarem, contribuem para complicar. Vai ser esse o desafio dos próximos dias. Em breve comentário pedido pela TSF, foi este o sentido das palavras que podem ser escutadas aqui.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 23:59

Antecipando a Cimeira informal de hoje

Quarta-feira, 23.05.12

A próxima cimeira europeia será em Junho. Logo à noite, porém, os líderes dos 27 reunem-se informalmente, ao jantar, em Bruxelas. É a altura de começarem os seus jogos - mostrando algumas cartas, escondendo a maioria delas, fazendo bluff qb. O jogo vai começar; as alianças ir-se-ão desfazer e dar lugar a novas alianças. Convém estarmos atentos - porque muito do que suceder a 28 e 29 de Junho vai depender do que se passar mais logo em Bruxelas. Antevendo a cimeira informal de mais logo do Conselho Europeu, numa UE dizimada por problemas de crescimento-competitividade-desemprego, que tem de encontrar novos caminhos e novas soluções para fazer frente à crise, combinando necessárias medidas de estímulo ao crescimento com a proibição do mais endividamento público e privado, por gentil convite da TSF tentámos antecipar o que se pode vir a passar. O som pode ser escutado aqui

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 16:43

O referendo sugerido pela chanceler

Sexta-feira, 18.05.12

A Europa continua de pernas para o ar e a dar muitas voltas! Desta feita é a Sra Merkel a sugerir que os gregos realizem um referendo sobre questões europeias em simultâneo com as próximas eleições legislativas! E recordando que foi por fazer uma proposta semelhante que o Sr Papandreous foi varrido da política grega, há tão-só meio ano, permitindo o aparecimento do governo tecnocrático do Sr Papademus. Não bastasse a incongruência e a contradição evidente, esta não é a forma correcta nem eficaz de apresentar este tipo de propostas. É para elas que existe a confidencialidade dos corredores diplomáticos, em lugar da publicidade mediática. Mas é também mais um evidente desrespeito pelas autoridades legítimas de Atenas que, pese a crise, continua a ser um Estado independente credor do respeito da comunidade internacional. Algumas considerações sobre esta iniciativa podem ser escutadas aqui, no comentário que foi pedido pela TSF - onde se expressou a convicção que tal iniciativa em vez de ajudar a resolver a crise política grega podia ser mais um factor de perturbação da mesma.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 21:29

A Europa cansada da Grécia

Sexta-feira, 11.05.12

Num mesmo dia, enquanto se esgota mais uma tentativa de formar um novo governo na Grécia, o Ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, veio afirmar que a Zona Euro «está mais resistente» e que a Grécia tem de ter a vontade de se manter na moeda única; mas se esta não cumprir as exigências europeias, a Zona Euro tem condições para suportar a sua saída da moeda única. No mesmo dia, Durão Barroso veio elevar o tom do discurso oficial europeu esclarecendo que a Grécia deverá sair da zona euro se não respeitar os seus compromissos orçamentais feitos em troca de um plano de resgate aprovado pelos 17 Estados membros da moeda única. Uma única conclusão pode ser tirada destas afirmações - a Europa da União, quer ao nível das suas instituições quer ao nível dos seus principais Estados-Membros, começa a cansar-se e a ficar farta da Grécia. E, paulatinamente, ou os gregos se entendem e respeitam os seus compromissos, ou começa a ser preparado o terreno para deixar cair a Grécia. Foram declarações prestadas à TSF que podem ser escutadas aqui.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 23:47

Balanço eleitoral

Segunda-feira, 07.05.12

A síntese e o balanço finais do que ocorreu ontem, em França e na Grécia, nos dois actos eleitorais realizados, efectuada em directo aos microfones da TSF. Pode ser escutada aqui.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 09:32

Eleições presidenciais em França.

Domingo, 06.05.12

A avaliação final dos resultados das eleições presidenciais francesas, hoje ocorridas, que deram a vitória a François Hollande - onde se antevê um período inicial de algum desacerto no relacionamento franco-alemão, desde sempre tido como o motor da unidade europeia. Pode ser escutado aqui, por simpática cortesia da TSF.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 23:59

Antevendo e comentando o dia eleitoral em França e na Grécia (2)

Domingo, 06.05.12

Continuando a antever o que pode vir a ocorrer hoje, nas eleições legislativas gregas e nas eleições presidenciais francesas. Aos microfones da TSF, em directo no noticiário das 18H. Pode ser ouvido aqui.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 18:00

Eleições presidenciais em França.

Domingo, 22.04.12

Em síntese e sobre a primeira volta das eleições presidenciais francesas já se podem retirar as seguintes ilações - a partir dos resultados concretos e não das expectativas ou opiniões dos comentadores: a direita conseguiu 53% dos votos totais. A soma dos votos da esquerda fica-se pelos 47%. A direita continua, assim, maioritária. E Sarkozy só não volta a ganhar se os 20% de Marinne Le Pen não forem para ele. Todavia, para ganhar, Sarkozy necessita tanto do eleitorado de Marine Le Pen quanto do eleitorado centrista e moderado de François Bayrou. Ora, virando-se para Le Pen, Sarkozy arrisca-se a perder o centro; e virando-se para o centro, arrisca-se a perder os votos da extrema-direita. O candidato saltitão tem, pois, pela frente, mais um difícil exercício de contorcionismo político. Talvez o mais difícil da sua carreira. Nessa medida, Hollande tem a vida facilitada - os votos à sua esquerda estão praticamente garantidos. É da conjugação de todas estas variáveis que se irá fazer a segunda volta destas eleições presidenciais. E, nessa medida e a essa luz, o resultado final não pode ser dado por adquirido. Se em nenhuma eleição o pode, nesta por maioria de razão o poderá. O que significa que tão inconsequente pode vir a ser a vitória de Hollande, qual vitória de Pirro, quanto a derrota de Sarkozy. Foi este, em síntese, o sentido do comentário produzido por gentil convite da TSF e que pode ser escutado aqui.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 22:48

Irlanda decide referendar novo pacto orçamental europeu

Terça-feira, 28.02.12

A República da Irlanda vai organizar um referendo sobre o novo pacto orçamental europeu, anunciou hoje o Primeiro-Ministro Enda Kenny no Parlamento, sem indicar, todavia, a data da consulta. Após consulta ao procurador-geral, encarregado de aconselhar o governo sobre as questões constitucionais, o Governo "decidiu organizar um referendo sobre esta questão, no qual será pedido ao povo irlandês para autorizar a ratificação deste tratado", declarou Kenny. O procurador-geral considerou que "sendo este tratado um instrumento específico fora da arquitetura do tratado da União Europeia", um referendo "é necessário para o ratificar".

 

A TSF teve a gentileza de me pedir um comentário sobre esta situação - cuja síntese pode ser escutada aqui - que seguramente irá criar mais uma encruzilhada político-jurídica na União Europeia, atendendo ao facto de o novo Pacto orçamental carecer apenas de doze ratificações de Estados signatários que tenham o euro como moedapara entrar em vigor, ao mesmo tempo que prevê que quem o não ratificar não poderá beneficiar do apoio financeiro europeu através dos novos mecanismos cuja criação está prevista.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 20:06

Grécia cede soberania orçamental à UE?

Sábado, 28.01.12

O Financial Times (link indisponível, só para assinantes) dá notícia de que o segundo plano de resgate financeiro à Grécia, acordado na Cimeira do Conselho Europeu do passado dia 9 de Dezembro, só se concretizará, por pressão alemã, se a Grécia abdicar da sua soberania orçamental e confiar nas mãos de um delegado das organizações internacionais responsáveis pelo segundo empréstimo de 130MM€ as principais decisões atinentes à sua política orçamental. A TSF tem a gentileza de me pedir um comentário à notícia que surge e o primeiro pensamento que me ocorre é o de que, para os Estados resgatados ou intervencionados, falar-se já hoje de «soberania orçamental» é um absoluto eufemismo. Os Estados que foram alvo de resgate internacional já perderam a sua soberania orçamental e esta já transitou dos representantes dos eleitores para os credores. E não é só na Grécia que isto que se passa.... Por outro lado, mesmo sem resgates financeiros internacionais, convém recordar que os semestres europeus já limitam de forma significativa a capacidade e autonomia dos Estados - e dos seus Parlamentos nacionais - em matéria orçamental. Não é, pois, de matéria virgem que estamos a falar; pode variar o grau da limitação, não muda a natureza da mesma. A confirmar-se a notícia avançada, porém, há outra ilacção que não pode deixar de ser tirada - a estratégia que tem estado a ser seguida para a Grécia estará muito longe de produzir os resultados desejados. Daí que novo empréstimo tenha de obedecer a novas regras e a novos princípios. Resta saber da viabilidade de tais princípios serem, efectivamente aplicados. Creio serem legítimas algumas dúvidas nessa matéria. Na crise actual, que surgiu na periferia e se vem estendendo para o centro da Europa, nenhum Estado-Membro da União se poderá dizer, verdadeiramente, a salvo dos seus efeitos. Daí que talvez se venha a registar alguma prudência na imposição destas limitações orçamentais. É que o que hoje diz respeito aos meus vizinhos, amanhã poder-me-á tocar a mim.... Para memória futura, podem ser escutados aqui excertos as declarações proferidas.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 13:23