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Kosovo (I)

Segunda-feira, 11.02.08

Anuncia-se para final desta semana a declaração unilateral de independência do Kosovo, formalizando a sua secessão da Sérvia. Por artes mágicas ainda não totalmente esclarecidas, parte significativa do Ocidente apresta-se a reconhecer de imediato o novo Estado, enfileirando atrás dos EUA. Trata-se, seguramente, de uma postura temerária e de resultados e consequências imprevisíveis. Para além de se estar ante um Estado que não tem qualquer possibilidade de se auto-sustentar, abre-se um precedente grave que não se imagina onde poderá parar e que consequências poderá ter em vários outros locais do mundo e da própria Europa. O novo Estado, de independente pouco ou nada terá. Pelo contrário, conhecerá apenas novas dependências - em vez de depender única e exclusivamente da Sérvia, será defendido militarmente pela NATO e sustentado economicamente pela União Europeia. Abrirá portas ao expansionismo do islamismo na Europa. Potenciará ambições territoriais da Albânia que não deixará de sonhar com o restabelecimento da velha e grande Albânia. Criará clivagens indesejáveis na relação intra-europeia, no quadro da Europa da União. Acentuará o distanciamento entre o Ocidente e a Rússia. Contribuirá para «empurrar» a Sérvia para os braços da Rússia quando só haveria a ganhar em cativá-la para o campo ocidental. Levará a instabilidade aos Balcãs, o que roça a imprudência e o completo desconhecimento dos ensinamentos da História. E tudo - em nome de quê?


ADENDA: Eis um tema e uma matéria a merecerem, inquestionavelmente, um esclarecimento público por parte do governo português, em sede parlamentar, fundamentando e justificando a atitude que vier a ser tomada relativamente ao reconhecimento do novo Estado. Não basta dizer que Portugal conforma a sua posição com aquela que for a posição [maioritária] da União Europeia. É pouco.

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publicado por Joao Pedro Dias às 18:38