Casa Europa
Anotações (quase) diárias sobre os caminhos da Europa e da União Europeia
Um sucesso da diplomacia portuguesa
No meio do descrédito geral que tipifica o governo da Nação, é preciso reconhecer que Portugal tem um excelente Ministro. Chama-se Luís Amado e é Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. O sucesso que Portugal obteve, hoje, ao conseguir ser eleito, pela terceira vez, como membro (não permanente) do Conselho de Segurança das Nações Unidas reflecte uma diplomacia de sucesso que conseguiu seduzir e motivar 150 Estados presentes na Assembleia Geral da ONU – aqueles que, à terceira ronda, elegeram Portugal depois de já terem eleito na primeira volta a Alemanha. É justo atribuir ao Ministro Luís Amado os créditos pelo sucesso da candidatura, mérito tão mais relevante quanto a falta de credibilidade, interna e externa, do seu chefe de governo pouco ou nada terá ajudado ao sucesso da missão. Para não dizer que a terá dificultado de sobremaneira. Assim, durante dois anos, Alemanha e Portugal – espera-se e deseja-se que em estreita articulação com a UE e enquanto esta, enquanto tal, não puder ter assento no referido CS – representarão nesse mesmo CS o chamado «bloco europeu ocidental», designação que, por si só, nos ajuda a compreender o quão desfazada da realidade se encontram a estrutura e os processos da organização de Nova Iorque. Pensada para um mundo que já não existe, porque era o do fim da segunda guerra mundial e do bipolarismo característico da guerra-fria, a ONU foi a organização dos vencedores da guerra mundial e isso notou-se, desde logo, na sua estrutura – onde, a par de um órgão democrático desprovido de efectivas competências, sobressai um CS aristocrático onde têm assento permanente e direito de veto as potências vencedoras do conflito dito mundial pelas suas consequências mas exclusivamente europeu pelas suas causas e motivações. Contribuir para a reforma da ONU é objectivo que não pode estar alheio à agenda portuguesa no CS da ONU. Se lograr contribuir para esse desiderato, por modesto que seja o contributo, estará garantido o êxito do mandato nacional que se iniciará a 1 de Janeiro de 2011.