Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Conclusões do Conselho Europeu

Quinta-feira, 21.07.11

Declaração final da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo dos Estados-Memebros da zona euro, ocorrida no dia de hoje em Bruxelas.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 23:58

Conclusões da Cimeira da área do euro hoje realizada

Quinta-feira, 21.07.11

Reiteramos o nosso empenhamento no euro e em tomar todas as medidas que forem necessárias para assegurar a estabilidade financeira de toda a área do euro e dos seus Estados membros.


Reiteramos igualmente a nossa determinação no reforço da convergência, da competitividade e da governação na área do euro. Desde o início da crise da dívida soberana, foram tomadas importantes medidas a fim de estabilizar a área do euro, reformar as regras e desenvolver novos instrumentos de estabilização. A retoma na área do euro está bem encaminhada e o euro assenta em bases económicas sólidas. Todavia, os desafios que temos pela frente mostraram que são necessárias medidas de maior alcance.


Acordámos hoje nas seguintes medidas:


Grécia:

1. Congratulamo-nos com as medidas tomadas pelo Governo grego para estabilizar as finanças públicas e reformar a economia, bem como com o novo pacote de medidas recentemente adoptado pelo Parlamento grego, que inclui as privatizações. Trata-se de esforços sem precedentes, mas necessários para colocar de novo a economia grega na via do crescimento sustentável. Estamos conscientes dos esforços que as medidas de ajustamento implicam para os cidadãos gregos, e estamos convencidos de que esses sacrifícios são indispensáveis para a recuperação económica e contribuirão para a futura estabilidade e bem-estar do país.


2. Acordamos em apoiar um novo programa para a Grécia e, em conjunto com o FMI e a contribuição do sector privado, cobrir integralmente o défice de financiamento. O financiamento oficial total é estimado em EUR 109 mil milhões. Este programa será concebido, nomeadamente através de taxas de juros mais baixas e prazos de vencimento alargados, de forma a melhorar decisivamente a sustentabilidade da dívida e o perfil de refinanciamento da Grécia. Apelamos ao FMI para que continue a contribuir para o financiamento do novo programa grego. Tencionamos utilizar o FEEF como veículo financeiro do próximo desembolso. Acompanharemos muito atentamente a rigorosa execução do programa, com base na avaliação regular a efectuar pela Comissão em concertação com o BCE e o FMI.


3. Decidimos alargar o mais possível o prazo de vencimento dos futuros empréstimos do FEEF à Grécia, passando dos actuais sete anos e meio para um mínimo de 15 anos, que poderão ir até 30 anos com um período de carência de 10 anos. Neste contexto, asseguraremos um adequado acompanhamento pós-programa. Concederemos empréstimos do FEEF a taxas de financiamento equivalentes às do Mecanismo de Apoio às Balanças de Pagamentos (actualmente cerca de 3,5%), próximas dos custos de financiamento do FEEF, sem ficar abaixo destes. Decidimos também prorrogar substancialmente os prazos de vencimento do actual mecanismo grego. Paralelamente, será previsto um mecanismo que assegure os incentivos adequados à implementação do programa.


4. Apelamos a uma estratégia global tendo em vista o crescimento e o investimento na Grécia. Congratulamo-nos com a decisão da Comissão no que diz respeito à criação de uma Task Force que irá trabalhar com as autoridades gregas no sentido de orientar os fundos estruturais para a competitividade e o crescimento, a criação de emprego e a formação. Mobilizaremos fundos da UE e de instituições como o BEI para a consecução deste objectivo e para o relançamento da economia grega. Os Estados-Membros e a Comissão mobilizarão imediatamente todos os recursos necessários a fim de disponibilizar uma assistência técnica excepcional para ajudar a Grécia a executar as suas reformas. A Comissão apresentará em Outubro um relatório sobre os progressos efectuados nesta matéria.


5. O sector financeiro indicou a sua disponibilidade para apoiar a Grécia numa base voluntária através de um leque de opções que reforce ainda mais a sustentabilidade global. A contribuição líquida do sector privado é estimada em EUR 37 mil milhões [Tendo em conta o custo da melhoria do risco de crédito para o período de 2011 a 2014. Além disso, EUR 12,6 mil milhões serão suportados por um programa de resgate da dívida, elevando o total a EUR 50 mil milhões. Para o período de 2011 a 2019, o contributo líquido total da participação do sector privado é estimado em EUR 106 mil milhões]. Será melhorado o risco de crédito a fim de sustentar a qualidade das garantias financeiras de modo a permitir a sua utilização continuada para o acesso às operações de liquidez do Eurosistema por parte dos bancos gregos. Providenciaremos recursos adequados para recapitalizar os bancos gregos, se tal for necessário.


Participação do sector privado:

6. No que se refere à nossa orientação geral relativa à participação do sector privado na área do euro, gostaríamos de deixar bem claro que o caso da Grécia exige uma solução excepcional e única.


7. Todos os outros países do euro reafirmam solenemente a sua determinação indefectível em honrar plenamente a sua própria assinatura soberana e todos os seus compromissos no sentido da sustentabilidade das condições orçamentais e das reformas estruturais. Os Chefes de Estado ou de Governo da área do euro apoiam plenamente esta determinação já que a credibilidade de todas as suas assinaturas soberanas é um elemento decisivo para assegurar a estabilidade financeira em toda a área do euro.


Instrumentos de estabilização:

8. A fim de melhorar a eficácia do FEEF e do MEE e resolver a questão do contágio, acordamos em reforçar a flexibilidade destes instrumentos a par de uma condicionalidade adequada, de modo a que ambos possam:

– actuar com base num programa de precaução;

– financiar a recapitalização das instituições financeiras através de empréstimos aos governos, incluindo em países não sujeitos a programas;

– intervir nos mercados secundários com base numa análise do BCE que reconheça a existência de circunstâncias excepcionais para os mercados financeiros e de sérios riscos para a estabilidade financeira, e com base numa decisão de comum acordo dos Estados membros do FEEF/MEE, por forma a evitar o contágio.

Lançaremos assim que possível os procedimentos necessários para a implementação destas decisões.


9. Sempre que oportuno, recorrer-se-á a um acordo de garantia financeira de modo a cobrir o risco para os Estados membros da área do euro decorrente das respectivas garantias para o FEEF.


Consolidação orçamental e crescimento na área do euro:

10. Estamos decididos a continuar a prestar apoio aos países sujeitos a programas até que estes recuperem o acesso ao mercado, desde que executem com êxito esses programas.


Congratulamo-nos com a determinação da Irlanda e de Portugal em executarem rigorosamente os respectivos programas e reiteramos o nosso forte empenhamento no sucesso desses programas. As taxas e os prazos de vencimento do financiamento do FEEF que acordámos para a Grécia serão igualmente aplicadosa Portugal e à Irlanda. Neste contexto, registamos que a Irlanda está disposta a participar de modo construtivo nos debates sobre o projecto de directiva relativa à matéria colectável comum consolidada do imposto sobre as sociedades (MCCCIS) e nos debates estruturados sobre questões de política fiscal no quadro do Pacto para o Euro +.


11. Todos os Estados membros da área do euro observarão rigorosamente os objectivos orçamentais acordados, melhorarão a competitividade e resolverão os desequilíbrios macroeconómicos. Os défices públicos de todos os países – com excepção dos países sujeitos a um programa – serão reduzidos para um nível inferior a 3% até 2013, o mais tardar. Neste contexto, congratulamo-nos com o pacote orçamental recentemente apresentado pelo Governo italiano, que lhe permitirá reduzir o défice para um valor inferior a 3% em 2012 e atingir o equilíbrio orçamental em 2014. Congratulamo-nos igualmente com as ambiciosas reformas empreendidas pela Espanha nos domínios orçamental, financeiro e estrutural. Na sequência dos resultados dos testes de resistência dos bancos, os Estados-Membros providenciarão medidas anti-regressivas para os bancos conforme adequado.


12. Daremos execução às recomendações adoptadas em Junho no tocante às reformas tendentes a fomentar o nosso crescimento. Convidamos a Comissão e o BEI a reforçarem as sinergias entre os programas de empréstimos e os fundos da UE em todos os países sujeitos a assistência da UE/FMI. Apoiamos todos os esforços tendentes a melhorar a capacidade desses países para absorverem os fundos da UE a fim de estimularem o crescimento e o emprego, nomeadamente através de um aumento temporário das taxas de co-financiamento.

 

Governação económica:

13. Apelamos à rápida ultimação do pacote legislativo sobre o reforço do Pacto de Estabilidade e Crescimento e a nova supervisão macroeconómica. Os membros da área do euro apoiarão plenamente a Presidência polaca a fim de chegar a um acordo com o PE sobre as regras de votação aplicáveis à vertente preventiva do Pacto.


14. Comprometemo-nos a introduzir, até ao final de 2012, quadros orçamentais nacionais tal como previsto na directiva relativa aos quadros orçamentais.


15. Acordamos em que deverá ser reduzida a dependência do quadro regulamentar da UE em relação às notações de crédito externas, tendo em conta as recentes propostas da Comissão nesse sentido, e aguardamos com expectativa as propostas da Comissão sobre as agências de notação de crédito.


16. Convidamos o Presidente do Conselho Europeu, em estreita consulta com o Presidente da Comissão e o Presidente do Eurogrupo, a apresentar até Outubro propostas concretas sobre a forma de melhorar os métodos de trabalho e de reforçar a gestão de crises na área do euro.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 21:49

Antecipando a Cimeira do Eurogrupo

Quinta-feira, 21.07.11

"Ouvido pela TSF, João Pedro Simões Dias tem dúvidas sobre se os «interesses nacionais serão secundarizados em favor do projecto europeu» no Conselho Europeu extraordinário desta quinta-feira. João Pedro Simões Dias entende que sem uma intervenção global concertada a União Europeia não conseguirá ultrapassar a crise O especialista em Assuntos Europeus João Pedro Simões Dias considera que o Conselho Europeu extraordinário desta quinta-feira só pode ter êxito se houver vontade global para se chegar a soluções para a crise. «Não tenho dúvidas que os Estados-membros têm noção da gravidade da situação. Creio até que saberão que a situação eventualmente até será mais grave do que aquela que é publicamente conhecida», começou por dizer. Em declarações à TSF, este professor universitário tem, contudo, dúvidas sobre «se as tendências, desejos e interesses nacionais serão secundarizados em favor do projecto europeu». «Está demonstrado que sem uma intervenção global concertada da própria União Europeia os Estados por si só, individualmente, não vão ser capazes de superar essas crises. A questão que se põe é que estamos nesse momento», acrescentou." As declarações prestadas  podem ser escutadas aqui.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 12:17

FMI pede à Europa para deixar de adiar soluções

Quarta-feira, 20.07.11

O Fundo Monetário Internacional (FMI) avisou hoje os líderes europeus de que devem agir de imediato para limitar os efeitos da crise na zona euro e para limitar o contágio das economias mais frágeis ao resto da moeda única. O FMI avisou que a zona euro necessita de um maior envolvimento dos privados: “Não devemos atrasar mais as clarificações de algumas das incertezas que ainda pesam sobre a solução para a crise da dívida soberana na periferia” da zona euro, disse Luc Everaer, do Departamento Europeu do FMI, apresentando as conclusões de um novo relatório nos 17 países da zona euro. Na apresentação do documento, feito no âmbito das consultas regulares ao conjunto de países da união monetária, Everaer afirmou ainda que “a crise na periferia não está ainda totalmente resolvida. Os directores [do fundo] pensam que isso terá de ser feito com muita urgência”. O FMI avisou que a zona euro necessita de um maior envolvimento dos privados para apoiar os países mais fracos e os seus sistemas bancários. A instituição apelou ainda aos líderes da zona euro que aumentem a capacidade e os limites operacionais do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla inglesa), para que possa intervir com mais eficácia na resolução da crise. Os líderes dos países da zona euro deverão encontrar-se na quinta-feira numa cimeira em Bruxelas, para estudar a possibilidade de levar a cabo um segundo plano de resgate da Grécia, mas não há ainda garantias de que saia qualquer acordo do encontro. Quanto aos riscos de contágio, o FMI alerta que caso a Grécia, Portugal, a Irlanda, Itália ou Espanha enfrentem novas dificuldades, estas podem espalhar-se às economias mais robustas, como a alemã ou a francesa. “O contágio pode ser grande se os problemas nos países em crise da zona euro se espalhe a outros membros. Demoras na resolução da crise podem custar muito à zona euro e à economia global”, considera o FMI. [Fonte]

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por Joao Pedro Dias às 01:10

Crónica de um fracasso anunciado

Terça-feira, 19.07.11

Quando toda a Europa política, económica e social reclama resultados concretos da Cimeira da Zona Euro da próxima quinta-feira, , a Sra Merkel vem antecipar, aqui, que nada de espectacular se irá passar no dito encontro. Traduzindo do jargão europês para português corrente: a Alemanha irá bloquear qualquer decisão para resolver a crise grega e as suas irradiações à Irlanda, Portugal, Itália, Espanha e Bélgica. Insistindo em soluções essencialmente unilaterais, excluindo liminarmente a mutualização da dívida dos países em dificuldades, rejeitando totalmente a criação de eurobonds ou obrigações europeias e teimando na participação dos privados em qualquer eventual renegociação das dívidas dos Estados-Membros da União intervencionados - a Alemanha coloca-se numa posição que faz dela mais uma parte do problema do que da solução europeia. Os mercados, os especuladores e todos aqueles que apostam na queda da moeda comum europeia, agradecem, reconhecidos, o serviço que lhes está a ser prestado. Quem tiver dúvidas que atente na evolução quer dos índices bolsistas quer das taxas de juro das dívidas públicas. A história, por seu lado, essa seguramente não deixará de julgar os carrascos do projecto europeu.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 20:15

A desvalorização do euro

Segunda-feira, 18.07.11

O primeiro-ministro concordou hoje com o Presidente da República que defendeu uma desvalorização do euro face ao dólar, considerando que um euro menos valorizado poderia trazer, do ponto de vista económico, mais exportações e competitividade para toda a Europa. Nesta mesma página, há mais de um ano, aquiaqui, havíamos já identificado esse como sendo o grande dilema que, no plano monetário, se coloca(va) à União Europeia, presa numa verdadeira encruzilhada. Constataram a verdade mas nem Cavaco nem Passos Coelho descobriram a pólvora....

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 01:36

Helmut Kohl critica a Angela Merkel y teme que ésta le 'rompa' su Europa

Domingo, 17.07.11

Já tínhamos saudades de escutar a voz sensata do europeísmo responsável, recordando-nos os tempos em que a Europa da União tinha um rumo, uma ambição e um objectivo político - todo o contrário do desnorte que nos tem sido presenteado nos tempos recentes.

 

"El excanciller Helmut Kohl teme que la actual jefa del Gobierno alemán, Angela Merkel, le rompa su proyecto de una Europa unida, según informaciones del semanario 'Der Spiegel', que cita fuentes del entorno del político. La línea de la política europea que lleva a cabo Merkel es "muy peligrosa", según se cita en esa publicación a Kohl, quien habría confesado a un correligionario y estrecho colaborador sus temores a que la canciller "me rompa mi Europa"El ex canciller alemán Helmut Kohl, uno de los principales artífices de la unión de Europa, destacó los errores cometidos por su país en la crisis que atraviesa la eurozona"Dos puntos sobresalen: en primer lugar, el Pacto de Estabilidad de la eurozona nunca debiera haber sido suavizado, sino al contrario, debería haber sido fortalecido a través de una Europa cada vez más unida", sostuvo Kohl en un artículo que adelanta este domigo el diario 'Bild'. El ex jefe de gobierno alemán se refería a la década del los 90, cuando tanto Alemania como Francia sobrepasaron de forma repetida el techo máximo de tres por ciento de déficit presupuestario y forzaron a la Unión Europea a suavizar las sanciones para estos casos. "Y en segundo lugar, Grecia no debería haber sido nunca aceptada en la eurozona sin reformas estructurales radicales de su situación, teniendo en cuenta que era suficientemente conocida por los expertos", criticó. Ambas decisiones son las principales causas de los problemas actuales y fueron respaldadas por Alemania bajo el gobierno de centroizquierda de Gerhard Schröder, sostuvo el ex líder democristiano. Kohl opinó que la crisis de la deuda no debe ser vista como una crisis del euro, sino como lo que es: "El resultado de errores caseros y desafíos por parte y para ambas partes (Europa y los Estados nacionales)". Las críticas a la estrategia europea de Merkel no son exclusivas del excanciller o su entorno, sino que se han hecho extensivas a otros correligionarios de la Unión Cristianodemócrata (CDU), prosigue ese medio. "Europa es un proyecto político. Es demasiado importante como para dejarlo a manos de las agencias calificadoras", advierte el primer ministro del "Land" de Hesse, Volker Bouffier, asimismo de la CDU. Las relaciones entre Kohl y Merkel se normalizaron el año pasado, al elogiar la canciller la trayectoria del patriarca de la CDU en ocasión del 80 cumpleaños del veterano político. Con el gesto se selló la reconciliación el largo periodo de distanciamiento, abierto cuando en 1999 Merkel llamó a sus filas a "emanciparse" del patriarca al revelarse el escándalo de la financiación irregular en la CDU bajo la llamada "era Kohl". [Fonte] 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 01:09

Grécia, «CCC»

Quarta-feira, 13.07.11

A Fitch cortou esta hoje o rating da Grécia em três níveis, de «B+» para «CCC», ou seja para «extremamente especulativo». A notação da dívida da República grega fica, assim, a um passo do «default», isto é à beira da bancarrota. No relatório da casa de notação financeira, citado pela Reuters, a Fitch diz mesmo que «a bancarrota é uma possibilidade real», criticando a incerteza da União Europeia em torno de uma segunda ajuda à Grécia. Considerando que a economia grega vai contrair 4% em 2011, seguindo-se uma ligeira recuperação em 2012, a Fitch justifica este corte do rating com a ausência de um «novo programa de financiamento credível e praticável». Assim, este downgrade reflecte a perspectiva da Fitch sobre a economia grega: frágil e sem um apoio forte da União Europeia, que ainda discute a participação dos credores privados num segundo resgate a Atenas, considerado «incerto». Para esta agência financeira, aspectos como o volume, os termos e a natureza da participação dos privados numa segunda ajuda não estão «suficientemente claros», subinhando que o envolvimento destes credores pode mesmo desencadear um «evento de crédito», considerado como «incumprimento». A Fitch segue assim as pisadas da S&P, que cortou o rating da Grécia, também para um nível da bancarrota, a 13 de Junho, e da Moody`s que tomou a mesma decisão a 6 de Junho último.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 21:05

Um princípio de solução?

Quarta-feira, 13.07.11

Foi preciso a crise da dívida soberana ameaçar a terceira economia do euro – Itália – para a Europa reagir com todas as munições do seu arsenal contra a infecção financeira. Os líderes políticos dos 27 vão reunir-se num Conselho Europeu extraordinário, já na próxima sexta-feira, para discutir soluções imediatas e estancar o maior foco de contágio: a Grécia. Os líderes europeus dispõem agora de um menu de opções que constituíam, há apenas uma semana, autênticos tabus: incumprimento soberano, reestruturação e partilha da dívida são apenas três exemplos. A implicação directa destes termos é que a Europa caminha, pressionada pela crise, para uma união orçamental com transferências indirectas de dinheiros públicos entre países da zona euro.


Os ministros das Finanças europeus, reunidos durante oito horas em Bruxelas na segunda-feira (Vítor Gaspar diz que só falou durante 180 segundos), emitiram um comunicado esclarecedor: a Europa está pronta para “adoptar mais medidas que melhorem a capacidade sistémica da zona euro para resistir ao risco de contágio, incluindo aumentar a flexibilidade e o alcance do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), prolongar as maturidades dos empréstimos e baixar as taxas de juro com recurso a um mecanismo de garantia quando for apropriado”. A revisão do Fundo era o que o governo de Sócrates pretendia alcançar quando tentou ganhar tempo com o PEC IV (Programa de Estabilidade e Crescimento).


Segundo uma fonte de Bruxelas, a declaração do Ecofin representa “uma notável evolução na política europeia porque abre a porta à mobilização do dinheiro europeu na recompra da dívida grega, o que permitiria aliviar o fardo do país”. Ou seja, uma reestruturação de dívida.


O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, assegurou ontem que “não haverá nenhum incumprimento na zona euro”. Mas o ministro das Finanças da Holanda, Jan Kees de Jager, disse que “essa opção já não está excluída”. Já o poderoso ministro germânico das Finanças, Wolfgang Schäuble, foi claro: “Estamos determinados a fazer tudo o que seja necessário para manter a zona euro estável”.

 

Forcing da banca. O comunicado do Ecofin recupera uma ideia discutida nos bastidores há sete meses e que o lobby da banca internacional decidiu empurrar para a mesa das negociações: a redução da dívida grega através de operações de recompra de títulos soberanos. Charles Dallara, director do Instituto de Finança Internacional (IFI), que representa 400 instituições financeiras, enviou no domingo um documento aos ministros europeus com um aviso: “É essencial que os Estados-membros e o FMI actuem nos próximos dias para evitar desenvolvimentos descontrolados nos mercados e a aceleração dos riscos de contágio”. “Os planos dirigidos apenas às necessidades de financiamentoda Grécia sem redução de dívida, não vão funcionar, nesta fase, na estabilização dos mercados e na reversão do contágio. É necessário um programa de recompra dos títulos gregos para reduzir significativamente a montanha de dívida da Grécia e providenciar uma base sustentável de longo prazo”, lê-se no relatório do IFI.

 

“Haircut” voluntário. A banca sugere que a União Europeia compre dívida soberana no mercado secundário. Neste momento, cada título de dívida de Atenas é transaccionado a 52 cêntimos por euro. A Grécia pode recomprar a sua dívida no mercado, ou o Fundo Europeu por ela. Cabe aos investidores vender numa base voluntária. A operação poderá reduzir a dívida pública de Atenas – 350 mil milhões de euros ou 160% do PIB – para metade e terá ainda a vantagem de não accionar os seguros contra incumprimento soberano (credit default swaps – CDS). Embora as agências de rating possam classificar a operação como um “default selectivo”, a ISDA, entidade que define os “eventos de crédito” (incumprimentos), assegura que estes seguros não serão accionados. E segundo a ministra das Finanças austríaca, Maria Fekter, as seguradoras ofereceram já uma alternativa para apoiar o sector financeiro: podem fazer seguros diferentes dos CDS para títulos soberanos.


O relatório do IFI lança ainda um alerta para a divulgação dos testes de stress a 91 bancos da Europa, prevista para sexta-feira, “que pode exacerbar as preocupações do mercado com as perdas potenciais de outros títulos soberanos da zona euro”.


A movimentação do lobby da banca não surge por acaso. A subida das taxas de juro da dívida de Itália para 5,7% e a queda em bolsa das empresas e bancos foi um primeiro sinal do contágio da crise ao núcleo da Europa. Com Espanha na linha de fogo, a pagar 6% pelas obrigações a dez anos, um problema em Itália “significa um problema para a Europa”, como ontem lembrou o primeiro-ministro Silvio Berlusconi. A exposição da banca europeia a Itália totaliza 866,3 mil milhões de euros (mais do dobro dos 440 mil milhões do FEEF).

 

Privados entram. A solução europeia passará também pelo envolvimento do sector privado no segundo resgate financeiro de Atenas, provavelmente através de um prolongamento dos prazos de pagamento. “É uma exigência mais política do que outra coisa, sobretudo para mostrar aos eleitorados nacionais”, comenta uma fonte diplomática em Bruxelas. A ministra espanhola das Finanças,Elena Salgado, declarou ontem estar “contra a participação privada”, enquanto a austríaca Maria Fekter admitiu a hipótese.


Ontem, o Banco Central Europeu terá voltado a comprar dívida soberana no mercado secundário (o que já não fazia há 15 semanas) para travar volatilidade financeira: “Há sinais claros no mercado de que um potencial investidor está a comprar obrigações italianas e gregas, e até espanholas: só pode ser o BCE”, afirmou um trader de Frankfurt ao “El Mundo”.[Fonte]

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 04:01

Moody's dixit - dívida da Irlanda também é lixo

Terça-feira, 12.07.11

A Moody's acaba de cortar também a notação da dívida da Irlanda num nível, para a categoria de lixo, de Baa3 para Ba1, mantendo um Outlook negativo para a classificação da dívida soberana do país, o que deixa antever a possibilidade de um novo corte. Citada pela Reuters, a agência justifica a decisão com a provável necessidade de o país recorrer a um segundo pacote de resgate internacional antes de conseguir regressar aos mercados de dívida. Esta foi também uma das justificações apontadas pela casa de notação para o corte da classificação portuguesa. «O factor chave para a decisão de hoje é a crescente probabilidade de, no final do actual programa de apoio do FMI e da UE, no final de 2013, a Irlanda vir a precisar de novas vagas de financiamento externo antes de regressar ao mercado privado, e a crescente probabilidade de vir a ser requerido o envolvimento do sector privado como condição prévia para essa ajuda adicional, em linha com propostas recentes da União Europeia», pode ler-se na nota da agência. A agência que gere a dívida pública irlandesa já reagiu, considerando que a decisão da Moody's foi «norteada principalmente pela preocupação com a perpsectiva de participação do sector privado em eventuais programas de ajuda financeira no futuro», mas que a própria agência reconhece que a Irlanda tinha «demonstrado um forte compromisso de consolidação orçamental e está a atingir com sucesso as metas requeridas ao abrigo do programa de ajuda do FMI e da EU». A mesma entidade sublinhou que a Irlanda tem fundos suficientes ao abrigo deste mesmo programa «para cobrir todas as suas necessidades de financiamento até ao fim de 2013», e que o país mantém notas melhores junto das duas outras agências de rating.

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por Joao Pedro Dias às 03:09


Pág. 1/2