Casa Europa
Anotações (quase) diárias sobre os caminhos da Europa e da União Europeia
Europa à beira do precipício
Vitor Bento, economista e conselheiro de Estado, juntou hoje a sua voz à daqueles que afirmam que a Europa está à beira do precipício e corre o risco de desintegração. São cada vez mais e cada vez mais relevantes as vozes que clamam e que denunciam o abismo e o precipício para que esta UE, formata pelo casal Mercozy, parece correr. O facto só agrava a responsabilidade que impende sobre os dirigentes de turno da ainda dita União; não será por falta de avisos e de alertas que o cataclismo não será evitado. No limite, será por surdez desses mesmos líderes de turno, por falta de visão política e de dimensão de Estado. Outros, menos tolerantes e menos compreensivos, dirão que só a profunda estupidez humana, misturada com desmesurados sonhos e ambições nacionais, poderão condenar o mais relevante projecto político do pós-segunda guerra mundial.
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Cimeira EUA - UE
Ocorreu ontem, na Casa Branca, mais uma Cimeira EUA - UE. Recordei os tempos em que Henry Kissinger, para evidenciar a falta de projecção política da Europa, se queixava de nunca saber a quem telefonar quando precisava de falar com a «Europa». Como não há fome que não dê em fartura, desta feita Obama teve sentados diante de si, representando a UE, o Presidente do Conselho Europeu, o Presidente da Comissão Europeia, o Presidente de turno polaco do Conselho, e a Alta Representante para a Política Externa! Em situação de emergência, seguramente também não saberá a quem telefonar para falar com a «Europa». É outro dos males desta UE alargada - há presidências a mais e decisões a menos. Continua a não ser este o caminho para projectar politicamente a Europa no Mundo.
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O novo pacto de Mercozy
A proposta de um novo pacto de estabilidade, protagonizada pela tal entidade estranha que assertivamente Diogo Freitas do Amaral denominou como «Mercozy», que governa a Europa sem mandato nem legitimidade impondo a sua visão e as suas opções aos restantes 25 Estados da UE, está longe de ser um contributo estimável para a resolução da crise europeia. Desde logo, porque radica numa fonte meramente intergovernamental, quando o que a Europa precisa é do desenvolvimento do método comunitário. Depois, porque aos desatentos nunca será demais recordar que entre os primeiros violadores do PEC em vigor se contaram, justamente, a França e a Alemanha. Em matéria de cumprimento de regras europeias, a França e a Alemanha não podem dar lições à Europa.
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Freitas do Amaral diz que UE vive sob ditadura franco-alemã
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A força da realidade
A força da realidade acabará por se impor à Alemanha e à Chanceler Merkel - e as verdadeiras reformas a introduzir na zona euro não deixarão de ser tomadas, ainda que com o custo acrescido da demora e da falta de visão de quem governa em Berlim. Está a passar-se à escala europeia o que aconteceu há dezoito meses com a aprovação do primeiro resgate à Grécia - que se atrasou em meio ano devido aos interesses políticos internos eleitorais de Merkel. Quanto mais depressa os efeitos da crise chegarem à Alemanha, mais depressa o governo de Berlim reagirá.
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Congresso Internacional «25 anos na UE. Onde estamos? Para onde vamos?»
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Mais Europa
"Mais Europa", na RTP Informação.
Veja o video do programa de hoje.
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Os novos suseranos da Europa
Mario Monti, o novo Primeiro-Ministro que os mercados impuseram aos italianos sem qualquer eleição, mas com a aquiescência do Parlamento de Roma, apresentou hoje as suas credenciais em Estrasburgo à dupla de suseranos de turno que chamou a si o encargo de governar a Europa, para lá de cuidarem dos países que lhes confiaram o voto. Começa a ser um ritual dos novos tempos os novos governantes irem ao beija-mão e prestarem vassalagem à Europa que já nem é do directório mas apenas da entente franco-alemã. E é essa entente cordial que anuncia para breve propostas de alterações aos tratados visando aperfeiçoar os mecanismos da governação económica. A ideia até seria louvável se a sua fonte ou origem não levantasse tantas suspeitas. Assim, resta aguardar para ver o que sairá das ditas propostas; sempre sem esquecer que, numa União que é uma comunidade de direito, quaisquer alterações aos tratados terão de ser aprovadas por todos os Estados-Membros.
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O apelo de Durão Barroso
O apelo desesperado de Durão Barroso segundo o qual sem reformas será impossível manter o euro só peca por tardio e é uma acusação feita à sua própria Comissão Europeia, desaparecida do combate meses a fio a benefício da entente franco-alemã. Mas é também o reconhecimento explícito que a criação do euro não foi o êxito e o sucesso que muitos persistem em apregoar. A obra ficou a meio e incompleta - e de completar essa obra que agora se trata, Uma zona monetária pressupõe um conjunto de instrumentos que ainda não existem na zona euro. E que terão de ser criados como condição de viabilidade da própria moeda comum. Um tesouro europeu, obrigações europeias, harmonização fiscal, reforço do orçamento comunitário, aprofundamento das políticas económicas - são alguns desses instrumentos e mecanismos que terão de ser criados. Federalismo? Talvez, pouco importa. A denominação da coisa é o menos importante nesta fase do campeonato.
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Colagem política
Pedro Passos Coelho não tinha necessidade de se colocar ostensivamente ao lado de Merkel na matéria dos eurobonds ou da mutualização das dívidas soberanas europeias. Sobretudo no dia em que Durão Barroso e a Comissão Europeia lançaram o debate sobre a sua introdução. Ao ficar ao lado de Merkel, colocou-se em oposição a Durão Barroso. Ora, nunca ninguém ousou afirmar que a introdução de eurobonds seria a solução imediata para a crise europeia. Mas cada vez há menos dúvidas que são instrumento que terá de integrar essa solução. Por outro lado, hostilizar a Comissão Europeia e o seu Presidente para ficar ao lado da chanceler alemã, é no mínimo discutível. Merkel não agradecerá; e Portugal ainda pode vir a precisar muito da Comissão Europeia.