Casa Europa
Anotações (quase) diárias sobre os caminhos da Europa e da União Europeia
Europa deve reestruturar dívidas de países que não são solventes, defende Teixeira dos Santos
"A Europa deve identificar os países que não sejam solventes e reestruturar as suas dívidas, mantendo todos os países no euro, defende Teixeira dos Santos, que quer o envolvimento do BCE na solução para a crise. O ex-ministro das Finanças de José Sócrates, que falava durante uma conferência na Universidade Lusófona em Lisboa, defendeu que sejam identificados os países que não sejam solventes, que se aplique uma "reestruturação das dívidas dos países que não venham a ser considerados solventes", mas num quadro em que seja possível "delimitar bem o âmbito desta intervenção e de ter recursos indispensáveis para sobreviver aos impactos", especialmente no sistema financeiro. O antigo governante afirmou também que é necessário alterar o actual Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) - e o seu sucessor permanente, o Mecanismo de Estabilização Europeia (MEE) - tem de ser alterado para que seja "mais expedito e menos contingente nas conjuntura políticas nacionais", relembrando o caso da Finlândia quando Portugal pediu ajuda financeira. Ainda sobre a solução que pode estar a ser desenhada, no que diz respeito ao FEEF, Teixeira dos Santos alerta para uma possível falta de capacidade financeira dos países ou de vontade política dos Governos para dar a capacidade financeira necessária ao fundo de resgate, defendendo aqui que o Banco Central Europeu passe a focar-se mais na estabilidade do sistema financeiro. "Vai chegar a altura de pedir ao Banco Central Europeu que a sua principal função seja não a estabilidade dos preços, mas a estabilidade do sistema financeiro", disse. "A Zona Euro precisa de uma solução, não precisa de meia solução. O pior que podemos fazer nesta altura é sairmos com meias soluções", acrescentou." [Fonte]
Até pode ser verdade que a Europa deva reestruturar as dívidas dos países que não sejam solventes, como defendeu Teixeira dos Santos. A ser assim, porém, o que também não deixa de ser verdade é que a partir de agora a dívida de qualquer Estado europeu deixa de ser encarado como um título seguro, passando a haver muito mais dificuldade em encontrar quem queira comprar títulos de dívida que a qualquer momento podem ser reduzidos.